O dia B
É intensa a preparação dos correligionários de Jair Bolsonaro em todo o país para dar às manifestações a favor do governo convocadas para 7 de Setembro a envergadura de um evento épico.
Tamanho é o entusiasmo do pessoal que a mobilização vem sendo tratada nas redes sociais como um “levante popular”.
Talvez seja realmente a definição mais apropriada considerando-se que o objetivo dos apoiadores não é apenas reafirmar sua confiança no presidente, mas também, e primordialmente, exigir a aprovação do voto impresso e a exoneração de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Difícil acreditar que, pelas vias legais, tanto uma coisa como a outra possam ocorrer.
O fato é que certas declarações enigmáticas que Bolsonaro vem fazendo estão sendo interpretadas por seus adeptos como um sinal de que ele estaria propenso a tomar uma atitude mais drástica, na linha de uma ruptura institucional.
Diante do imenso anseio que reina entre os bolsonaristas por alguma medida mais enérgica do presidente, é certo que haverá entre os mais fanáticos uma enorme frustração se tudo ficar do jeito que está.
Exortando o presidente a “se mexer”, “sair do cercadinho” (o espaço em frente ao Palácio da Alvorada onde diariamente ele conversa com seus seguidores), “sair das quatro linhas” (como ele se refere aos seus limites constitucionais), ou com apelos no gênero do “ir pro tudo ou nada” e “64 ou o fim” (evocando a revolução que derrubou João Goulart), muitos deles declaram que já estão cansados de esperar que Bolsonaro parta da retórica para a ação contra “aqueles que não o deixam governar” e que esta será a última vez que irão às ruas para lhe dizer que faça o que precisa ser feito.
Incentivando a formação de concentrações gigantescas, principalmente em Brasília e em São Paulo, que representariam uma espécie de carta-branca da população aos seus atos, ele disse nesta semana que “nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante”.
Nesse cenário de conflagração política, o feriado da Independência promete fortes emoções e gera grandes expectativas, insufladas pelo clima de guerra que se estabeleceu entre os três poderes.
Em resumo, tudo pode acontecer.
Inclusive nada.
4 comentários
Luciano Huck · 05/09/2021 às 01:01
7 de setembro deve ser para comemorar o valor da gasolina a 7 reais. Como dizem, o gado não cansa de passar vergonha.
Marcos Villanova de Castro · 02/09/2021 às 11:05
Eu fico pasmo com o modo que algumas pessoas veem e comentam o nosso momento político.
MARCELO · 02/09/2021 às 13:28
Sr. Marcos poderia esclarecer o momento político, de maneira sensata, sem delírios com o STF, e sem citar essa baboseira de direita, esquerda, voto impresso. Esclareça para nós algumas atitudes do Sr Presidente que o STF impediu e que por isso ele nada mais pode fazer, a não ser andar de “motoca”?
MARCELO · 01/09/2021 às 22:44
Tanto é o amor pela China, por Cuba e pela Venezuela, que o nosso projeto de Maduro está achando que a ruptura (nome gourmet para um golpe chinfrim) tem apoio popular. Fora a internet, não se vê nas ruas este apoio todo. Convenhamos, uma atitude dessa magnitude, com aiso prévio não é pra se levar a sério. Até porque o medo da eleição é nítido e claro. Uma coisa que me intriga é porque o hacker que fraudou 2018 não mudou o resultado da eleição? Ou será que mudou?