Literalmente, valeu a pena
Os números são oficiais, recém-divulgados pela Procuradoria Geral da República: delatores da Lava Jato, por obra dos acordos de colaboração premiada, já devolveram quase 2 bilhões de reais aos cofres públicos.
Parece muito, mas o dinheiro roubado foi bem maior.
Cinco anos depois do início das investigações, ainda não se chegou a uma conclusão sobre o exato tamanho da corrupção na Petrobras.
Procuradores da força-tarefa já estimaram o rombo em R$ 20 bilhões.
Em laudo de 2015, no entanto, peritos da Polícia Federal estipularam que os desvios estão na faixa de R$ 6,4 bilhões a R$ 42,8 bilhões, trabalhando com uma margem de 3% a 20% para a majoração excessiva das margens de lucros das empresas envolvidas no esquema.
Seja como for, confrontando os valores resgatados diante de qualquer um dos cálculos, saquear a estatal foi um excelente negócio.
O caso mais emblemático é o do empreiteiro Marcelo Odebrecht, dono da Odebrecht, a maior construtora do país, que faturou 9,6 bilhões de reais com a corrupção.
Condenado a 31 anos de reclusão em regime fechado, ele decidiu, em 2016, contar tudo o que sabia em troca da redução da sentença para 10 anos.
Depois de ficar 2 anos e meio no xilindró, Marcelo foi para prisão domiciliar em 2017 e poderá, com as progressões de pena previstas, ganhar a liberdade em 2025.
Como parte da punição pelos malfeitos cometidos, pagou 73,3 milhões de reais em multas, uma quantia irrisória considerando a sua fortuna.
No final das contas, saiu barato.
Resumo da ópera: apesar dos notórios avanços que tivemos nos últimos anos no combate à impunidade, graças, principalmente, à coragem do ex-juiz Sergio Moro de colocar políticos e empresários poderosos na cadeia, o crime, no Brasil, ainda compensa.