Juízes sem juízo
Desde que veio à tona a roubalheira na Petrobras, havia nos setores da sociedade brasileira que desejam viver em um país sério o temor (expressado muitas vezes neste blog) de que os processos da Operação Lava Jato, quando começassem a ser analisados no Supremo Tribunal Federal, seriam fortemente sabotados por alguns ministros incomodados com a prisão de seus corruptos de estimação.
Mesmo assim, ninguém imaginava que haveria na Corte uma maioria expressiva com a audaciosa disposição de ir tão longe, como aconteceu nesta quinta-feira (26), quando sete de seus integrantes, valendo-se de firulas jurídicas, tomaram uma polêmica decisão que pode abrir as portas para anular sentenças e colocar em liberdade condenados ilustres como, por exemplo, o ex-presidente Lula.
Se for levado às últimas e desastrosas consequências que se desenham, o episódio vai consagrar a velha máxima de que, no Brasil, todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que outros.
Resta a esperança derradeira de que, na próxima semana, na sessão que vai modular a aplicação da nova jurisprudência, o STF recobre a sanidade e, ao menos, restrinja ao máximo o alcance da medida para não jogar por terra todo o esforço feito nos últimos anos para diminuir a impunidade dos criminosos de colarinho branco.
Nesse momento saberemos se o Brasil ainda tem jeito ou se não deu certo mesmo.