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A maldição se eterniza

Publicado por Caio Gottlieb em

Por ceder à sedução do populismo em busca do segundo mandato, adiando as reformas que poderiam ter colocado a Argentina nos trilhos, o presidente Mauricio Macri caminha não apenas para perder a eleição de outubro sob a culpa de piorar a crise econômica, mas também para ser responsabilizado pela ressurreição da ex-presidente Cristina Kirchner, que volta ao poder debaixo de vários processos por corrupção, agora como vice de Alberto Fernández, favoritíssimo para vencer a disputa.

O pior de tudo, para os hermanos, é que, na essência, ganhe quem ganhar, nada ou muito pouco vai mudar na trajetória decadente do país.

Dos seis integrantes (candidatos a presidente e vice) das três chapas mais competitivas, cinco são peronistas, herdeiros das ideias do criador do movimento Justicialista, o general Juan Domingo Perón, que governou a Argentina nas décadas de 40, 50 e 70, períodos marcados por escândalos de desvios financeiros e exorbitantes gastos sociais que dilapidaram os cofres públicos.

A propósito, reza uma antiga e deliciosa anedota que diante de um estrangeiro curioso da vida argentina, o caudilho põe-se a explicar o quadro político vigente no país:

  • Temos uma extrema esquerda inclinada a táticas como atentados, sequestros, bombas e assaltos a bancos. Seguem-se uma esquerda pacífica, que se submete ao jogo eleitoral, e uma centro-esquerda que, à moda da social-democracia europeia, aceita o ajuste fiscal e as privatizações do receituário liberal. O centro propriamente dito qualifica-se pelos saudáveis valores da equidistância e do pragmatismo. Enfim, temos as direitas. A primeira, a “direita civilizada”, como diziam os espanhóis, para distingui-la do fascismo franquista, inclui no seu conservadorismo uma intransigente defesa dos direitos civis. A segunda, a extrema direita, toma os adversários por inimigos e tem por meta aniquilá-los.
  • E os peronistas? – pergunta o interlocutor.
  • Peronistas? Ora… Peronistas são todos.

Tudo bem, mas Macri, lembraria você, não é. Todavia, o seu vice, senador Miguel Pichetto, é peronista de carteirinha.

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