Bloco de Notas
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Com justo motivo, o governador Ratinho Junior comemorou a conquista do Troféu Painel 2024 na categoria Empreendimento Público atribuído à Ponte da Integração, que uniu Foz do Iguaçu a Presidente Franco e estabeleceu a segunda ligação entre o Brasil e o Paraguai sobre o rio Paraná na região da Tríplice Fronteira. Sim, todo mundo sabe que a obra, ainda não aberta ao tráfego por falta de aduanas e vias de acesso, foi realizada com recursos da Itaipu Binacional, mas o que pouca gente sabe é que a sua execução foi inteiramente gerenciada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER). Promovida pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia, a premiação reconhece os melhores projetos de infraestrutura nas áreas de energia, transporte e logística no país.
2
Só ingênuos acreditaram que as eleições seriam limpas e transparentes. Só ingênuos poderiam esperar que um regime autocrático aceitaria, por espontânea vontade, uma alternância de poder. Isso só ocorre em democracias, o que, há muito tempo, não é o caso da Venezuela. Foi a farsa mais cantada da história. Uma semana atrás, em longa nota postada neste link http://caiogottlieb.jor.br/?p=8216, detalhei o roteiro dos preparativos que estavam em andamento para consolidar definitivamente a tirania chavista que já provocou a fuga de mais de sete milhões de venezuelanos mundo afora. O resumo perfeito do que aconteceu no país vizinho está no título da matéria publicada pelo site O Antagonista: Ditadura de Maduro dá a vitória a Maduro.
3
Uma gíria que andava meio sumida esteve em alta no noticiário político nos últimos dias. Trata-se da palavra “crocodilagem” (sinônimo de trair, enganar alguém muito próximo), usada para descrever a reação de Nicolás Maduro aos comentários em que Lula expressou, timidamente, alguma preocupação com a lisura das eleições na Venezuela, dizendo-se assustado com as ameaças do ditador bolivariano de que a vitória da oposição desencadearia um banho de sangue no país. Depois de aconselhar Lula a se acalmar tomando chá de camomila, Maduro deu uma lapada no companheiro ao afirmar que o sistema eleitoral venezuelano é o mais íntegro do mundo e que as urnas eletrônicas brasileiras, que elegeram o petista, não são auditadas e não são confiáveis. Veja que isso foi dito por um doutor no assunto. De fraude nas urnas ele entende como poucos.
4
Vai mudar de mãos no final de agosto um dos cargos mais estratégicos da Agência Brasileira de Inteligência, que está sendo investigada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por suposta arapongagem não autorizada. Para substituir Lidiane Souza dos Santos na chefia da corregedoria-geral foi indicado o delegado da Polícia Federal José Fernando Moraes Chuy, muito experiente e respeitado na corporação, o que não tem evitado protestos de servidores da ABIN, que gostariam de ver um funcionário de carreira na função. Vale o esperneio, mas essa rifa já correu. Chuy chega para ocupar o posto com uma credencial imbatível: tem as bênçãos de Moraes, de quem foi assessor no Tribunal Superior Eleitoral no período em que o ministro presidiu a Corte. Neste governo, um pedido do xerife do STF é uma ordem.
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Exportar produtos para os Estados Unidos, obtendo um selo de qualidade que não tem preço, é o principal desejo de qualquer empresa. Sonho maior ainda é participar presencialmente da mais pujante economia do planeta. Não é à toa que cresceu 14,5% de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2023, a emissão pelo governo norte-americano do visto L1 para empresários brasileiros. Nos primeiros cinco meses do ano, foram expedidos 4.179 documentos da modalidade, que autoriza a transferência de executivos de multinacionais e permite que empresários estrangeiros abram por lá filiais, subsidiárias ou afiliadas de seus negócios, além de instalar novos empreendimentos. A propósito, o Brasil é o segundo país que mais abre empresas nos Estados Unidos. Em primeiro lugar vem a Índia e em terceiro a China. Pois é, nem os chineses querem perder as oportunidades de prosperidade econômica oferecidas por seu grande rival nas disputas geopolíticas globais.
6
Falando nisso, o grupo Oxford, especializado em atender brasileiros que pretendem investir nos Estados Unidos, atuando através de um conglomerado de renomadas consultorias que operam em diversas áreas, acertou em cheio ao prever, com mais de seis meses de antecedência, que o Partido Democrata iria se empenhar para substituir o presidente Joe Biden na corrida eleitoral deste ano. Não deu outra. Mais do que isso, as avaliações do Oxford cravavam que ele seria trocado por uma mulher, o que se concretizou com a candidatura da vice-presidente Kamala Harris à Casa Branca. Projetando um duelo apertadíssimo entre Trump e Kamala pelos 270 votos do colégio eleitoral, o número mínimo para se eleger o presidente, os analistas da companhia estimam que, neste momento, o republicano tem 251 votos entre certos, prováveis e possíveis, e a democrata tem 226 votos nas mesmas condições. Restam, nessa conta, 61 votos não definidos. É uma disputa que ainda está totalmente aberta.
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Em vez de torrar bilhões de reais em obras supérfluas para enfeitar Belém e deixar a cidade mais bonitinha para recepcionar as comitivas internacionais que virão participar em 2025 da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, também chamada de COP-30, o governo Lula deveria usar o dinheiro para atacar um dos maiores passivos ambientais e uma das mais graves ameaças à saúde pública do país: os vergonhosos lixões a céu aberto. Existem mais de 3 mil deles espalhados do Oiapoque ao Chuí e o prazo para reduzi-los a zero, que vem sendo prorrogado desde 2014, acaba justamente neste mês de agosto. Ou seja, vai ser novamente empurrado para adiante. Como mais de 65% das emissões de gases de efeito estufa do território nacional provêm dos resíduos sólidos despejados nesses depósitos, o Brasil precisa urgentemente cuidar dessa chaga para cumprir as metas de descarbonização, sem o que o ingresso do país na era da economia verde ficará só nas promessas vazias dos governantes e o evento na capital paraense acabará mostrando ao mundo que não estamos fazendo a lição de casa. Até porque é o tipo da sujeira que não dá para esconder das visitas varrendo para debaixo do tapete.
8
Os presidentes da Rússia, China, Cuba, Nicarágua, Irã e Coréia do Norte já cumprimentaram efusivamente o colega Nicolás Maduro por sua incontestável vitória nas eleições livres e soberanas realizadas na Venezuela. A estas alturas, eles já devem estar incomodados com o prolongado silêncio do companheiro Lula, um aliado histórico do chavismo e admirador incondicional do exemplar governo democrático do amigo Maduro. É o único integrante da turma que ainda não deu os parabéns. Tá pegando mal.