Nos trilhos
Foi sensato e realista o governador Ratinho Júnior ao resolver abandonar a ideia (lançada por seu antecessor Beto Richa) de tentar obter de graça o projeto de viabilidade técnica, econômica e ambiental da acalentada ferrovia entre Dourados (MS) e o Porto de Paranaguá, que se conectará em Cascavel com a Ferroeste.
Como se sabe, e como se previa, a iniciativa foi um fracasso total: sem a garantia de que conseguiriam posteriormente vender o estudo para o grupo que vier a ganhar a licitação para construir e operar a nova estrada, as seis empresas nacionais e estrangeiras que haviam aderido à Proposta de Manifestação de Interesse para realizar o serviço, acabaram desistindo da aventura.
No mundo dos negócios, não se trata de um sonho, mas sim de um delírio imaginar que possa surgir algum bom samaritano disposto a correr o risco de jogar fora 25 milhões de reais em favor de uma obra onde poderá não ganhar nenhum centavo.
Enfim, depois de dois anos perdidos com essa balela urdida com fins meramente eleitoreiros, será feita agora a coisa certa: convidado para atualizar as lideranças empresariais da região sobre o assunto, o novo presidente da Ferroeste, André Gonçalves, confirmou no último sábado (15) na reunião da Caciopar em Cafelândia que o governo do estado vai bancar, com financiamentos internacionais, a execução dos projetos da nova ferrovia, que inclui não só o ramal para Dourados, mas também a extensão para Foz do Iguaçu, visando alcançar futuramente, através do Paraguai, os portos sul-americanos no Oceano Pacífico.
Com a decisão de pagar os estudos, formato que este blog defendia desde o início, o Palácio do Iguaçu demonstra, sobretudo, sua plena confiança na viabilidade do empreendimento, fator fundamental na atração de investidores para disputar a concorrência de uma obra que custará a bagatela de 10 bilhões de reais.
Esse é o papel que, nessas circunstâncias, se espera do poder público: atuar como agente indutor do desenvolvimento, oferecendo segurança e respaldo à iniciativa privada.