O vinho é só mais um detalhe
Não está na Argentina, não está no Chile e nem nos Estados Unidos. Também não fica na Austrália, tampouco na África do Sul e muito menos no Brasil.
A melhor vinícola de 2018 do Novo Mundo, que reúne os países viticultores localizados fora da Europa, não é de nenhum de seus maiores e mais tradicionais produtores.
Eleita pela prestigiosa revista Wine Enthusiast, ela encontra-se no pequeno e vizinho Uruguai, em uma região que até há pouco tempo não aparecia no mapa mundial da vinicultura e no radar dos enófilos mais exigentes.
Trata-se da Bodega Garzón, implantada a partir de 2007 a 75 quilômetros de Punta del Este pelo empresário Alejandro Bulgheroni, o homem mais rico da Argentina, que já despejou no negócio a bagatela de 250 milhões de dólares.
Dentro do ambicioso projeto idealizado por ele de transformar toda a área em um sofisticado destino turístico, a propriedade de 240 hectares dispõe nos arredores de um campo de golfe profissional com 18 buracos e deverá ganhar nos próximos dois anos uma pousada de luxo em meio aos vinhedos e outra com direito a spa em um requintado balneário próximo.
Além de atender os turistas normais, as futuras instalações vão servir especialmente aos associados do chamado Garzón Club, verdadeira cereja do bolo do empreendimento.
Oferecendo aos membros vantagens como vinhos e tarifas mais em conta, os títulos da confraria começarão a ser vendidos no fim do ano, por valores e condições ainda não divulgados.
Por enquanto, Bulgheroni, dono de uma fortuna de 3,2 bilhões de dólares amealhada no ramo do petróleo, está prospectando nomes para compor o quadro de fundadores da agremiação, um seleto grupo de 30 integrantes que estejam dispostos a pagar uma taxa inicial de 200 mil dólares.
Ser um fundador significa ter acesso, em um setor exclusivo, aos melhores rótulos da reserva particular do proprietário, dispor de adegas personalizadas para guardar suas preciosidades e poder utilizar salas de degustação cinematográficas e elegantes espaços para jantares e eventos, além da possibilidade de produzir seus próprios vinhos em qualquer uma das vinícolas do magnata – as outras ficam na Argentina, na Austrália, nos Estados Unidos, na França e na Itália.
Conta-se que o projeto nasceu simplesmente do interesse de Bulgheroni em achar um uso para suas terras na região, do tamanho de 25 parques do Ibirapuera. Por sugestão de um amigo, ele encomendou a um famoso enólogo italiano um estudo para saber se a região escondia um terroir palatável.
Entusiasmado com o resultado, o especialista propôs ao bilionário plantar 4,5 hectares e esperar uns seis anos para ver como sairia o vinho e daí começar pra valer.
À época com 63 anos, o argentino respondeu: “Quanto anos imagina que ainda tenho? Não posso esperar 20 anos. Se você acha que dá para fazer bons vinhos, não se preocupe, que os riscos eu assumo”.
Desde então, ele está plantando 40 hectares de uvas por ano, de variedades como tannat (considerada a vinífera-símbolo do Uruguai), alvarinho, petit verdot e cabernet franc, que vêm rendendo vinhos de alta gama bem pontuados nos rankings especializados, alguns deles já premiados nos concursos internacionais de maior reputação.
Sobre a rentabilidade do negócio, Bulgheroni diz que “investir em vinhos não é muito diferente de investir em petróleo: o retorno é demorado. Mas em dois, três anos o caixa da Garzón já deve entrar no azul”.
Com tanto dinheiro e bom gosto, não poderia faltar no cardápio uma gastronomia de primeira linha: o restaurante da vinícola, El Garzón, é comandado por Francis Mallmann, o mais renomado chef argentino.
1 comentário
Giovano · 09/06/2019 às 10:48
E que detalhe parabéns pela matéria não tinha conhecimento desta adega. Vamos visita-lá!