Papilas exóticas
É perfeitamente compreensível que os ministros do Supremo Tribunal Federal queiram deleitar-se com banquetes à base de iguarias como bobó de camarão, camarão à baiana, medalhões de lagosta (ao “molho de manteiga queimada”), bacalhau à Gomes de Sá, frigideira de siri, moqueca (capixaba e baiana), arroz de pato, vitela e codornas assadas, carré de cordeiro, medalhões e tournedos de filé, alguns dos itens da polêmica licitação que efetivou a compra dos quitutes encomendados para satisfazer o refinado gosto de suas Excelências nas refeições servidas na Corte.
Afinal, quem é que não quer? E ainda mais quando a conta é paga com o dinheiro dos outros – isto é, nosso.
Mas o que vem despertando uma grande curiosidade entre os bebedores de bons vinhos é a preferência, explicitada no edital de concorrência, pelo tinto da variedade tannat, uva originária da França que se tornou uma espécie de vinífera-símbolo do Uruguai, mas ainda é pouco conhecida e apreciada pelos enófilos.
Quanto ao restante das exigências, determinando que a safra seja igual ou posterior a 2010, que tenha ganhado pelo menos quatro premiações internacionais, devendo também ter sido envelhecida em barril de carvalho francês, americano ou ambos, de primeiro uso, por período mínimo de doze meses, nada a reparar.
É coisa de gente que conhece.