Um desastre de proporções bíblicas
Parece um melancólico fim de governo, daqueles que a gente não vê a hora de terminar. Mas ainda é apenas o final do segundo ano do terceiro mandato presidencial de Lula. Ou seja, haverá mais solavancos pela frente.
Com os erros em série que vem cometendo no direcionamento da gestão econômica, Lula armou, para si mesmo, uma tempestade perfeita para encerrar 2024 da pior maneira possível e iniciar um 2025 que está pintando ser até mais tenebroso.
Poucas vezes viu-se um governo colecionar, em um curto espaço de tempo, tantas realizações negativas originadas no desequilíbrio calamitoso das contas públicas.
Tem o descontrole da inflação, que extrapolou o teto da meta embalado pela expansão fiscal irresponsável endossada pelo Palácio do Planalto, trazendo elevação dos preços dos alimentos e fazendo disparar o custo de vida, com impacto maior nos bolsos das famílias mais pobres, que Lula diz proteger.
Tem a gastança populista desenfreada que esparramou e consolidou incertezas na economia.
Tem a percepção clara de que o pífio pacote de corte de despesas não surtirá os efeitos necessários.
Tem os sistemáticos, destemperados e inúteis xingamentos disparados por Lula e seus áulicos contra o mercado financeiro e contra medidas mais duras para restabelecer o equilíbrio fiscal e reduzir a inflação.
Tem a debandada dos investidores internacionais, que, até o fim de novembro, já retiraram 25,9 bilhões de reais da Bolsa brasileira, na maior fuga de capital estrangeiro acumulada no ano em quase uma década.
Tudo isso somado é o que tem levado os agentes financeiros a buscar refúgio na segurança do dólar, diante do descrédito generalizado de um governo que não cumpre o que promete. Prometeu déficit zero, não cumpriu. Prometeu cortar gastos, não cumpriu. Nem mesmo a promessa do presidente de zerar a fila do INSS foi cumprida: há mais de 1,8 milhão de pessoas esperando atendimento.
Vem daí a estratosférica ascensão da moeda norte-americana, que bateu nesta quarta-feira (18) na casa de inacreditáveis 6,30 reais, um recorde que pode vir a ser superado nos próximos dias – convindo lembrar que houve comoção nacional quando, em razão do pânico mundial provocado pela pandemia, a cotação chegou no governo Bolsonaro a 5,90, com o PT jogando a culpa no ex-presidente.
Vai daí que, para tentar conter a ameaça inflacionária e segurar o câmbio, o Banco Central, agora sob a plena batuta do PT, decidiu aumentar a taxa de juros para 12,25%, sinalizando que pode avançar para 14% em março, o que está obrigando muitas empresas a botarem o pé no freio dos planos de investimentos, apontando para um crescimento do desemprego em 2025.
Também entra nessa maçaroca a dívida pública da União, que sobe sem parar neste terceiro mandato do Lula, tendo atingido em outubro, pela primeira vez na história, a cifra de 9 trilhões de reais, equivalente a 78,6% do PIB.
Não podemos esquecer do rombo bilionário das estatais, que voltaram a ficar no vermelho (tudo a ver, não?) depois do período de superávits obtidos durante a administração anterior. Aliás, mesmo com prejuízo nunca antes registrado e correndo o risco de despejo em 200 imóveis alugados, a empresa dos Correios abriu concurso para contratar mais 3.500 funcionários, porque que a festa tem que continuar.
Salvou-se, no meio dessa tragédia, a aprovação da reforma tributária, ainda que desfigurada por exceções patrocinadas por lobbies poderosos para beneficiar alguns segmentos em detrimento de outros, a serem compensadas – é o que se espera – pelo inestimável ganho de dar um mínimo de racionalidade ao caótico sistema de impostos do país, embora tenha gente apostando que surgirão pelo caminho muitas surpresas desagradáveis. A conferir.
Teria ainda, para computar nesse balanço desolador, o vexatório protagonismo de Lula na política externa, envergonhando-nos com suas posições favoráveis a Putin, a Maduro e aos terroristas do Hamas e do Hezbollah. Mas o que poderíamos esperar de alguém que já agraciou o sanguinário ex-ditador sírio Bashar al-Assad com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração do governo brasileiro concedida a personalidades estrangeiras?
O Brasil e os brasileiros que amam verdadeiramente este país terão que mostrar toda a sua resiliência para aguentar mais dois anos dessa turma no poder. Tenhamos fé. Não há mal que nunca acabe.