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Bloco de Notas

Publicado por Caio Gottlieb em

1. Bem-vinda ao paraíso (da impunidade)

Condenada por lavagem de dinheiro ao lado do marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala, a ex-primeira-dama Nadine Heredia quer asilo no Brasil. O motivo? A descoberta, só agora, de que a Odebrecht foi generosa demais com os cofres da família — algo que, por aqui, já foi considerado não apenas normal, mas quase poético. Afinal, quem nunca recebeu uns milhões numa conta paralela, que atire o primeiro habeas corpus.

O casal foi julgado e condenado no Peru por corrupção. Aqui no Brasil, ao contrário, os casos da Odebrecht foram julgados… e anulados. Sim, anulados com pompa, toga e voto de relator. Heredia está, portanto, vindo ao lugar certo: a terra prometida da impunidade institucionalizada, onde os crimes de colarinho branco são tratados com o afeto de uma herança cultural.

Se tudo correr como manda o figurino progressista, ela poderá, inclusive, dar palestras sobre “lawfare” e “perseguição judicial”, com tradução simultânea para o petismo. E talvez até ganhe uma condecoração por ter sido mais uma vítima do autoritarismo judicial… latino-americano.

Seja bem-vinda, Nadine. Aqui a Lava Jato virou lenda urbana — e delator agora é só o porteiro do condomínio.

2. O fenômeno Ratinho e o pupilo premiado

Enquanto o Brasil ainda tropeça na dúvida existencial entre ser governado por Lula ou por um PowerPoint da Secom, Curitiba parece ter resolvido a equação da boa gestão com folga. Segundo levantamento do Paraná Pesquisas, Ratinho Junior ostenta aprovação de 80,2% dos curitibanos. Isso mesmo: oito em cada dez moradores da capital acham que o governador está mandando bem. O índice não é diferente no restante do Estado.

E como talento se reproduz em série, o prefeito Eduardo Pimentel, afilhado político do Ratinho, já começa o mandato surfando na mesma onda: 81% de aprovação e 63,1% avaliando sua gestão como ótima ou boa. A dobradinha PSD/PSD parece ter decifrado o código genético do eleitorado paranaense: gestão eficiente, discurso sereno e distância segura da retórica “progressista” de palanque.

Aliás, falando em palanque, Lula amarga 67,4% de desaprovação na cidade. Nada surpreendente para um Estado que já virou sinônimo de território antipetista por excelência — algo entre um baluarte conservador e um campo imunizado contra populismos em 3D.

3. Lar mergulha na piscicultura, com grãos sempre no radar

Depois de se consolidar como a terceira maior empresa de abate de frangos do Brasil e a segunda maior cooperativa agroindustrial do Paraná, a Lar Cooperativa Agroindustrial abre um novo capítulo em sua trajetória ao ingressar oficialmente no mercado da piscicultura. A inauguração da Unidade Industrial de Peixes (UIP), em São Miguel do Iguaçu, marca o início da operação sob gestão direta da Lar, que adquiriu a planta em fevereiro deste ano e agora passa a comandar todo o processo produtivo.

A nova unidade opera com 98 funcionários e capacidade para abater 12 mil tilápias por dia, o que representa uma produção de 60 toneladas mensais de filé de tilápia. E os planos já avançam: a Cooperativa prevê, até 2026, aumento da capacidade para 15 mil tilápias/dia, alcançando 110 toneladas mensais, além da geração de 180 empregos diretos. O setor de piscicultura deve ganhar ainda mais fôlego com a construção de um novo frigorífico em Missal (PR), uma fábrica de ração, estrutura de alevinagem e investimentos em genética, com metas de atingir, até 2035, 30,8 mil toneladas anuais de produção e 500 novos empregos.

E como quem investe com visão não para de crescer, a Lar voltou às compras neste mês de abril. Acaba de anunciar a aquisição das unidades armazenadoras da Pruducell Armazéns Gerais, empresa sediada em Sidrolândia (MS) e com estruturas em Sonora, Campo Grande, São Gabriel do Oeste e Coxim. A compra reforça o compromisso da Cooperativa com a qualidade, sustentabilidade e crescimento do setor de grãos no Mato Grosso do Sul.

4. A anistia, quando convém

O jornalista Marcelo Tognozzi resgatou um valioso baú da política brasileira ao defender a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. E o fez com um trunfo narrativo irretocável: lembrou que, lá atrás, em 1979, os mais entusiasmados defensores da democracia também clamavam por anistia irrestrita.

A frase que ressurge como eco constrangedor é de Luiz Inácio Lula da Silva, então líder sindical em ascensão: “Anistia é o reencontro da Nação consigo mesma.” Já Leonel Brizola, sempre eloquente, dizia que “anistiar é curar feridas.” E Ulysses Guimarães, o senhor Diretas Já, falava em “reintegrar os banidos à vida nacional.” Todos — absolutamente todos — defendiam que o perdão era condição para a pacificação.

Quarenta e cinco anos depois, os herdeiros políticos desses mesmos líderes preferem a forca moral, a cadeia preventiva e a pedagogia do castigo eterno. Para alguns, parece, o reencontro da Nação consigo mesma só vale quando a Nação vota certo.

A anistia virou artigo de conveniência. Quando foi para trazer de volta exilados com discursos vermelhos, era um gesto nobre. Agora, quando envolve patriotas de verde-amarelo, é “golpe contra o Estado Democrático de Direito”.

A história, como se vê, é feita de curvas — mas a memória seletiva anda sempre em linha reta.

5. O colapso anunciado — agora com carimbo oficial

Depois de meses tentando empurrar o problema com a barriga (e com emendas), o próprio governo federal resolveu fazer aquilo que, em Brasília, é considerado uma rara forma de sinceridade: admitiu que as contas públicas vão colapsar em 2027. Isso mesmo. Não foi a oposição que disse. Nem o FMI. Foi o Planalto.

A confissão veio disfarçada de tecnocracia: o governo decidiu deixar os precatórios fora da revisão das despesas, o que equivale a manter a bomba armada no fundo da gaveta. Uma bomba que já tem data marcada para explodir — no colo do próximo presidente, claro. Lula segue firme no projeto de governar hoje como se o amanhã fosse problema do Zelensky.

A ironia? Enquanto isso, segue o mantra da “responsabilidade social”, com gastos bilionários, aumentos para o funcionalismo e pacotes de bondades com dinheiro que não existe. E quando 2027 chegar, alguém haverá de dizer que a solução é óbvia: aumentar impostos, de preferência para os mesmos que já pagam por tudo.

O Brasil é mesmo um país fascinante. Aqui, a falência fiscal não é um risco — é uma política pública de longo prazo.

6. O tarifaço do Trump e os fantasmas na gaveta

A cruzada de Donald Trump pela reindustrialização americana começa a encontrar resistência onde menos se esperava: dentro da própria América. O novo tarifário proposto — com aumentos que já chegam a mais de 200% sobre produtos chineses — tem feito empresários e investidores engavetarem projetos e segurarem fôlego. A ideia de que os EUA podem se tornar uma fortaleza econômica autossuficiente está, enfim, trombando com a realidade do mercado global.

Afinal, não é todo dia que se vê um país tentando recriar a lógica da Guerra Fria com planilhas de Excel. A estratégia é ousada, sem dúvida: travar uma batalha comercial com o mundo inteiro e esperar que os capitalistas locais batam palmas e invistam de olhos fechados. Spoiler: eles não estão batendo palmas.

Por trás do discurso de soberania produtiva e “America First”, há um risco óbvio de “America Alone” — e os setores que dependem de componentes, insumos e concorrência internacional estão começando a entender o custo dessa bravata protecionista. A indústria quer previsibilidade, não um ringue.

A reindustrialização é um desejo legítimo. O problema é quando ela vira um reality show geopolítico, com tarifas no lugar de argumentos e retaliações no lugar de acordos. O primeiro efeito colateral já apareceu: investidores abrindo gavetas e trancando projetos.

7. “Legendários”: a fé como refúgio (e revolução pessoal)

Talvez você já tenha ouvido falar por alto, ou talvez ainda não tenha dado muita atenção, mas o movimento “Legendários” tem crescido com força no Brasil — e começa a atrair celebridades, influenciadores e uma leva de anônimos em busca de mais do que curtidas: buscam sentido.

Trata-se de uma iniciativa de viés cristão, voltada para retiros espirituais intensos e vivências de fé com forte apelo emocional e transformador. Não é um evento, tampouco um culto tradicional — é quase um mergulho, um reencontro, um rito de passagem moderno. E os testemunhos têm se multiplicado: gente que foi em busca de respostas e saiu com a vida virada do avesso — no bom sentido.

Famosos como Whindersson Nunes, Karina Bacchi e outros nomes da mídia já participaram dos encontros e declararam, publicamente, que a experiência mudou suas perspectivas. A proposta é clara: desconectar-se do barulho do mundo para ouvir o que há dentro (e acima) de si.

Os “Legendários” não querem seguidores — querem despertos. Um movimento que escapa dos rótulos e das ideologias para tocar algo mais antigo que a política e mais urgente que qualquer polêmica: a alma.

8. “Se falar algo, o ministro me mata”

A Gazeta do Povo publicou uma reportagem exclusiva revelando os bastidores nada republicanos do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Em mensagens obtidas pela Polícia Federal, Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do xerife no TSE, admite, com todas as letras: “Se falar algo, o ministro me mata.”

A frase, embora dita em tom informal, como força de expressão, revela mais do que medo: revela um clima aterrorizante que reinaria sob a autoridade do hoje onipresente e onipotente ministro. Tagliaferro, que ocupava o cargo de perito na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, está sendo investigado por vazar mensagens trocadas entre servidores do TSE e do STF. E, ao que tudo indica, sabia muito bem onde estava pisando.

Moraes é conhecido por suas sentenças implacáveis e condenações de fazer tremer até quem só repassou um meme. Mas agora, descobre-se que o temor também reina entre os próprios assessores. Se isso é o que transparece nas mensagens privadas, imagine o que não se diz.

Mais do que um retrato de poder absoluto, a revelação joga luz sobre o clima tóxico e amedrontador que parece permear os bastidores de uma das figuras mais poderosas da República. O ministro, ao que tudo indica, não mete medo só nos investigados — mete medo até em quem trabalha para ele.

9. Nunca foi tão fácil ter vida longa

Em tempos de más notícias e colapsos anunciados (fiscais, morais e institucionais), eis um alento vindo da ciência: dá pra viver mais sem precisar gastar uma fortuna. A boa nova vem de uma reportagem do Estadão que reuniu cinco estratégias de longevidade acessíveis, simples e — o melhor — eficazes.

Nada de cápsulas milagrosas nem clínicas caríssimas na Suíça. Os conselhos são quase um retorno à sabedoria das avós: dormir bem, ter amigos por perto, se alimentar com equilíbrio, mexer o corpo e cuidar da saúde mental. Parece pouco? Pois saiba que isso pode acrescentar bons anos à vida — e, talvez, vida aos anos.

Especialistas explicam que o segredo não está em driblar a morte, mas em adiar o encontro com ela enquanto se aproveita o caminho. Um bom vinho (com moderação), boas conversas, caminhadas regulares e noites bem dormidas seguem sendo os elixires mais eficazes — e nenhum deles requer offshore.

Ou seja: viver mais é possível — e sem precisar fugir do SUS ou declarar falência. E convenhamos: se for pra envelhecer, que seja com saúde, lucidez e o direito sagrado de rir das barbaridades da política nacional por mais umas décadas.

10. Promessas, promessas…

Em mais uma jornada pelo Brasil das obras relançadas e compromissos reciclados, Lula foi cobrado ao vivo por uma promessa feita em 2009 — e, como tantas outras, jamais cumprida. O autor da cobrança foi Isaias Nascimento Cardoso, representante da Polícia Ferroviária Federal, que lembrou ao presidente um discurso feito há 16 anos, quando Lula jurava que a regulamentação da categoria estava “quase lá”, faltando apenas “alguns detalhes”.

Detalhes esses que, aparentemente, foram parar no mesmo armário onde repousam a Transnordestina, o trem-bala e a tal reforma tributária justa.

O momento, claro, foi constrangedor. Lula, que minutos antes disparava contra Temer e Bolsonaro pelas obras inacabadas, foi pego pelo próprio passado. Com o improviso de quem tenta sair pela tangente, respondeu que ia “pegar o vídeo” com o manifestante. Só faltou dizer que o problema foi a edição.

A verdade é que, no palco da política brasileira, há uma categoria que nunca falha: os fantasmas das promessas antigas, que teimam em aparecer nas plateias mais improváveis.

Se é para viver do agora, como disse o próprio presidente, talvez seja bom começar cumprindo o que ficou no ontem.

Categorias: OPINIÃO

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