E se o Maduro resolver dar com a língua nos dentes?
Diante da enrascada em que Lula se meteu ao avalizar o compromisso que Nicolás Maduro dizia ter com a democracia e agora viver o constrangimento de descobrir que caiu como um patinho na conversa fiada do ditador amigo, e mesmo assim, apesar de todas as evidências, relutar em admitir que a eleição presidencial na Venezuela foi escandalosamente fraudada, isolando-se das nações do mundo civilizado que vêm contestando o resultado de um pleito validado pelo próprio governo que está no poder, temos uma situação descrita na famosa citação do dramaturgo inglês William Shakespeare: há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.
As “coisas”, nesse caso, remontam ao período em que Lula e Dilma se revezaram na presidência da República e estão nos subterrâneos da história cabeludíssima do financiamento de 40 bilhões de dólares que a Odebrecht recebeu do BNDES, entre 1999 e 2013, para executar no país vizinho obras e serviços que acabaram sob investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos por denúncias de corrupção, rendendo um processo onde executivos da empreiteira confessaram o repasse de 100 milhões de dólares a um lobista para liberar pagamentos da construção do metrô de Caracas.
Consta das revelações que a propina foi distribuída para ilustres autoridades políticas brasileiras.
Não foi, portanto, impensada e nem precipitada a decisão do PT de reconhecer a vitória de Maduro e afirmar que o farsesco processo eleitoral venezuelano, manchado pelo sangue de dezenas de opositores assassinados pelas forças policiais do regime, foi “limpo, honesto, transparente e tranquilo”.
A intenção é adular o tirano para impedir que ele, vindo a sentir-se pressionado e traído pelos “compañeros” petistas, resolva contar tudo o que sabe sobre aquela negociata.
Ou seja, existe mais do que um abjeto alinhamento ideológico na relação do atual governo brasileiro com o déspota bolivariano.
Existe medo.
Maduro é, literalmente, um homem-bomba.