Faz o L aí, faz…
Ignorando todas as recomendações em contrário, manifestadas por especialistas e entidades representativas do setor, como a Confederação da Agricultura e Pecuária, o governo Lula está levando em frente a temerária decisão de gastar 7 bilhões de reais para importar 300 mil toneladas de arroz, com o objetivo de vender o alimento no país a custos mais baixos para, teoricamente, inibir uma possível alta nos preços que poderia, supostamente, ser provocada pelas inundações que devastaram as lavouras do Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no Brasil.
Para analistas do mercado, a imprudência da ação estatal mostra que as lições de fracassos passados foram solenemente desprezadas pelo Palácio do Planalto e os resultados prometem repetir os desastres anteriores.
Como relembra Antonio Cabrera, a propaganda da campanha do então candidato à presidência Fernando Collor, no final da década de 80, de quem ele foi ministro da Agricultura, explorava justamente as imagens de arroz apodrecendo nos armazéns estatais da Companhia Nacional de Abastecimento, além de uma herança de 100 mil toneladas de carne importada imprópria para o consumo, contaminada pelo acidente nuclear de Chernobyl, comprovando a incompetência dos governos na administração de estoques públicos.
Ao longo dos anos, ressalta Cabrera, a cultura intervencionista de diferentes governos acabou fazendo com que muitos produtores se dedicassem às commodities de exportação, fugindo do patrulhamento e da imposição de preços de itens da cesta básica, que a atual gestão petista, numa irônica contradição, adota como bandeira política e diz defender.
Desde já, a primeira consequência é que muitos agricultores, sentindo-se inseguros, já não vão mais plantar arroz.
Criticando fortemente a operação governamental, a CNA diz que a importação vai afetar de forma catastrófica a cadeia produtiva, “com potencial de desestruturá-la, criando instabilidade de preços, prejudicando produtores locais de arroz, desconsiderando os grãos já colhidos e armazenados, e, ainda, comprometendo as economias de agricultores que hoje sofrem com a tragédia e com os impactos das enchentes”.
Para piorar, surge a revelação de que das quatro empresas vencedoras do leilão promovido pela Conab para realizar a aquisição do produto, apenas uma atua, de fato, no comércio exterior. As outras três, pasmem, são uma mercearia especializada em queijos, uma fabricante de sorvetes e uma locadora de veículos.
Temos, pois, prontinho para servir, um risoto com cheiro e sabor de maracutaia.
Talvez isso explique o ímpeto voluptuoso dessa gente em querer efetivar o quanto antes a deletéria transação.
Por outro lado, esse mesmo governo, que resolve torrar desnecessariamente 7 bi na importação de arroz, em uma compra eivada de suspeitas, anunciou há poucos dias um corte de 5,7 bilhões de reais no Orçamento deste ano, atingindo diversos órgãos e programas, para tentar conter o desequilíbrio das contas públicas gerado pelos gastos excessivos com políticas populistas irresponsáveis.
A tesourada não vai poupar nem a Farmácia Popular e nem o Auxílio Gás, prejudicando diretamente as camadas menos favorecidas da população.
É o presidente ungido pelas urnas eletrônicas governando, como prometeu, para os pobres.