O recado da Avenida Paulista
Para tentar, em vão, desmerecer o estrondoso impacto político do movimento, a única coisa que restou aos adversários de Bolsonaro foi soltar declarações rebaixando a quantidade de manifestantes que se reuniram domingo (25) em São Paulo no ato de solidariedade ao ex-presidente, em desagravo pela autoritária perseguição policial e jurídica que vem lhe impondo o Supremo Tribunal Federal, encarnada principalmente pelo ministro Alexandre de Moraes.
Porém, contra imagens tão eloquentes não há narrativa que resista. O fato é que lá estava uma colossal multidão verde e amarela, procedente de todas as partes do país, tomando toda a extensão da Avenida Paulista e ocupando grande parte das ruas adjacentes para mostrar a força de mobilização da direita e sua dupla aversão ao STF e ao PT.
Sempre tendenciosa em relação a Bolsonaro, a TV Globo “comprou” uma estimativa velhaca produzida por um grupo de professores da USP, velho reduto petista, que mediu o tamanho da concentração adotando aquele conhecido e elástico padrão de margem de erro consagrado nas pesquisas do instituto DataFolha, chegando a 185 mil pessoas. Risível.
Para a suprema decepção dos que torciam contra, o público foi infinitamente maior do que a banda da esquerda esperava ver. Cálculos de fontes confiáveis, como a Polícia Militar, com técnica e experiência no assunto, atestaram a participação de no mínimo 750 mil apoiadores, podendo até passar de 1 milhão. Foi gigante.
Seja como for, independente da presença física no local, milhões de brasileiros acompanharam o evento de suas casas, irmanados pelo mesmo sentimento de rejeição ao governo Lula e de repúdio às arbitrariedades cometidas pelo STF contra o ex-presidente e às decisões da Corte que “descondenam” ladrões de alto coturno e anulam multas bilionárias aplicadas a empresas que confessaram espontaneamente seu envolvimento em escândalos de corrupção.
Atendendo a pedidos de Bolsonaro, que fez um discurso moderado, conclamando à pacificação nacional e evitando críticas aos ditadores de toga para não motivar mais perseguições contra ele e seus seguidores, não se viu um único cartaz ou faixa com palavras de ordem endereçadas ao STF, como era comum em eventos anteriores.
Nem precisava. Todos já sabem o que a maioria da população brasileira pensa a respeito deles.
Para encerrar, registro o desafio galhofeiro lançado pelo jornalista José Roberto Guzzo: quem não gostou da manifestação pró-Bolsonaro é só organizar uma outra, no mesmo lugar, em favor de Lula e do STF.
Alguém topa?