Tudo indica que levaremos fumo
Foi-se o primeiro ano do novo mandato presidencial de Lula e até agora nada de Cuba cumprir a promessa de retomar o pagamento dos empréstimos concedidos pelo Brasil, em gestões petistas anteriores, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para a construção do porto de Mariel pela empreiteira Odebrecht.
Embora pouca gente acredite que a pendência venha a ser resolvida, a mais recente notícia sobre o assunto informa que autoridades do Ministério da Fazenda reabriram neste mês as negociações com o regime comunista da nação caribenha para conciliar valores, discutir os montantes em atraso e buscar meios de viabilizar o fluxo de quitação das parcelas da dívida que hoje é estimada em 500 milhões de dólares.
Avalia-se que ambas as partes teriam interesse em desenlear o imbróglio: do lado do governo do PT porque, reavendo recursos que fazem falta para implementar obras no Brasil, poderia livrar-se das críticas por liberar empréstimos para outros países e provaria que o dinheiro não foi uma doação para a companheirada cubana; e, do lado da ditadura sanguinária comandada pelos discípulos de Fidel Castro, porque eles pretenderiam ter acesso a novos financiamentos do BNDES, o que não pode ser feito enquanto permanecer a inadimplência.
Considerando o histórico de calotes dos cubanos, é aí que mora o perigo: eles voltam a pagar o empréstimo antigo, conseguem um novo crédito junto ao BNDES, e depois não pagam nem um e nem outro, aumentando ainda mais o prejuízo a ser coberto pelos contribuintes brasileiros.
Ainda bem que ao menos um quinhão do passivo, cerca de 176 milhões de dólares, tem alguma chance de ser recuperado, pois está contratualmente garantido pela indústria cubana de tabaco, o produto mais famoso da ilha.
Ou seja, seremos ressarcidos com charutos.
Vamos ter havanas para dar boas baforadas por muitas gerações.