Síndrome de Estocolmo ataca a Argentina
Menos de dois meses após tomar posse, o presidente Javier Milei já enfrentou sua primeira greve (certamente a primeira de muitas que virão), convocada pela Central Geral do Trabalho para protestar contra o pacote de reformas que ele enviou ao Congresso Nacional para tentar tirar a Argentina do buraco.
Maior organização sindical do país, regiamente remunerada com benesses custeadas com recursos públicos para manter seu histórico alinhamento com o peronismo e os partidos de esquerda, a CGT não deu um pio durante o desastroso mandato do ex-presidente Alberto Fernández.
Foi ensurdecedor o silêncio cúmplice que a entidade adotou durante os quatros anos do desgoverno fragorosamente derrotado nas urnas por produzir a mais devastadora crise econômica já vivida pela nação vizinha, levando quase metade da população para a miséria absoluta e fazendo a inflação anual saltar para mais de 200% no final de 2023.
De qualquer forma, não foi uma daquelas grandes paralisações, nos moldes como já vimos acontecer por lá em ocasiões passadas. Alguns setores, compreendendo a inutilidade da iniciativa diante da situação desesperadora do país, apoiaram apenas parcialmente o movimento, enquanto outros simplesmente recusaram-se a cruzar os braços.
Ainda assim, estima-se que 40 mil pessoas aderiram às manifestações em Buenos Aires e outras dezenas de milhares ocuparam as ruas das principais cidades do interior, revelando um comportamento que só pode ser explicado pela Síndrome de Estocolmo.
Vamos lembrar como surgiu essa expressão e porque ela serve para o caso argentino.
Em 1973, Jan-Erik Olsson invadiu o banco Sveriges Kreditbank, em Estocolmo, na Suécia. O que era para ser um roubo como qualquer outro acabou se tornando um estresse de seis dias, já que Olsson capturou quatro funcionários do local e os manteve como reféns.
Na época, o criminoso pediu como resgate 700 mil dólares, um carro com o tanque cheio e a presença de seu “colega” Clark Olofsson no local.
Em menos de uma hora tudo isso foi feito, mas a polícia não permitiria que os funcionários fossem levados por Olsson.
O mais irônico é que, no segundo dia, os sequestrados já criticavam mais as atitudes da polícia do que as do próprio criminoso: “Temos mais medo dos policiais do que desses meninos”, disse Kristin Ehnmark, de acordo com o The New York Times.
“Estamos conversando, e, acredite ou não, tendo um bom momento. Por que eles não podem deixar os meninos saírem conosco no carro?”
O mais impressionante é que, segundo reportagem da BBC, os funcionários (três mulheres e um homem) acreditavam que continuaram vivos graças aos criminosos.
Ao fim dos seis dias, a polícia invadiu o local e resgatou as pessoas do cativeiro que, segundo o psicólogo da época, estavam em choque tal qual soldados de guerra.
Tempos depois um dos especialistas que trabalhou durante a operação cunhou o termo “Síndrome de Estocolmo”, mas ele só pegou mesmo em 1975, quando Patty Hearst, jovem influente da época, foi sequestrada.
“O instinto de sobrevivência está no coração da síndrome de Estocolmo”, escreve a Encyclopedia Britannica. “As vítimas vivem em dependência forçada e interpretam atos raros ou pequenos de gentileza no meio de condições horríveis como algo positivo”.
É, portanto, um fenômeno psicológico em que as vítimas desenvolvem um relacionamento de lealdade e solidariedade com seu raptor.
Caracteriza-se, em suma, por um estado psíquico de intimidação, violência ou abuso em que a vítima é submetida por seu agressor. Porém, ao invés de repulsa, ela cria simpatia ou até mesmo um laço emocional forte de amizade ou amor por ele.
Não é preciso ser psiquiatra para perceber que esses nossos hermanos que, mesmo vitimados pela catastrófica gestão peronista, foram desfilar na Avenida de Mayo para gritar palavras de ordem contra Milei, que mal começou a governar, necessitam de tratamento.
Só Freud pode ajudá-los.
2 comentários
Maria Donizete Soares Felipe · 30/01/2024 às 16:07
A Argentina foi a “Europa” do Mercosul. O Brasil vinha desde Fernando Henrique, subsidiando. Assim, peso, e real, valiam o mesmo q o dólar. A economia foi “mascarada”. Fernando Henrique fez um “ótimo” governo Era de direita. Entrou Lula, e continuou subsidiando, inclusive, incluiu programas sociais que eram ideias de Fernando Henrique. Genial. Nosso país, Los Hermanos, e tinha tbm a Venezuela, q subsidiou muito. O povo acreditava que não tinha inflação. Mas tinha. O governo precisa subsidiar. O subsídio se faz necessário em qualquer país. Agora? A inflação q foi camuflada, estourou. Colocar “culpados”, não resolve. Em relação à “síndrome de Estolcomo”. Quem tem mesmo tal “síndrome”?
José A Dietrich Fh · 29/01/2024 às 19:44
A esquerda vive do caos e da miséria, que dizem combater. Mas eles precisam desses votos para conquistar, reconquistar e se possível se manter no poder. São os jacobinos da Revolução Francesa.