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Falta infraestrutura para ônibus elétricos nas cidades brasileiras, diz novo conselheiro da Mercedes-Benz

Publicado por Caio Gottlieb em

Diário do Transporte

Por Adamo Bazani

Colaborou Vinícius de Oliveira

A eletrificação da frota de ônibus nas cidades brasileiras é benéfica sob diversos pontos de vista, como para a qualidade de vida, mas atualmente, o processo está sendo realizado mais por critérios políticos, que levam em conta apenas a quantidade de ônibus, e não estão sendo observados critérios técnicos que deveriam focar num grande problema atual e não resolvido: a falta de infraestrutura para estes veículos estarem operando.

A opinião é do novo conselheiro da Mercedes-Benz no Brasil, Roberto Leoncini, que assume o cargo em fevereiro, após dez anos ocupando a vice-presidência de Marketing, Vendas e Pós-Venda para caminhões e ônibus da montadora.

Em entrevista coletiva no evento sobre a mudança de função, da qual o Diário do Transporte participou nesta quarta-feira (24/1), Leoncini disse que não é uma canetada de decreto que vai mudar as realidades das cidades para tornar os sistemas de transportes menos poluentes.

“O produto [ônibus] é ótimo, mas precisa de uma infraestrutura para coexistir dentro da cidade. Tem muito movimento político falando de volume e pouco movimento falando da infraestrutura necessária para ter este volume rodando. O grande desafio é conseguir construir a infraestrutura para as coisas acontecerem na medida que devem acontecer. Decreto-lei para virar realidade, precisa ter infraestrutura”, afirmou.

É o que vem ocorrendo, por exemplo, na cidade de São Paulo, concordou Leoncini. Não se concretizou o anúncio de 600 ônibus elétricos circulando até o fim de 2023, feito em 18 de novembro de 2023, pelo prefeito Ricardo Nunes durante a entrega das únicas 50 unidades da nova geração em operação na cidade até agora, que tem apenas no total 69 coletivos movidos por baterias, dos quais 19 já estavam em circulação desde 2019.

A própria SPTrans (São Paulo Transporte) e a ENEL (distribuidora de energia elétrica) admitiram: nenhuma obra foi feita até o momento nas garagens e imediações para comportar a necessidade de carregamento das baterias destes veículos.

A situação é tão grave que um estudo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) mostra que com o atual padrão da rede de distribuição na cidade de São Paulo, que é de baixa tensão, se 50 ônibus elétricos carregarem as baterias ao mesmo tempo, inclusive na madrugada, pode faltar eletricidade na casa das pessoas, comércios e hospitais. Isso porque, energia tem, mas a rede não dá conta.

É necessário criar subestações nas garagens, como as que existem em linhas de trem e de metrô, e mudar o perfil da rede distribuição, aponta ainda o estudo “Custos dos Serviços de Transporte Público por Ônibus Elétrico – Metodologia de Cálculo e Parâmetros”, conduzido pelo professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Fernando Fleury Filho, e pelo Engenheiro Civil/Escola Politécnica/USP, Mestre em Transportes/UNICAMP e Consultor de Transporte, Rodrigo Eduardo Dias Verroni.

E, até agora, nada foi feito na cidade de São Paulo neste sentido.

Além dos 69 ônibus elétricos à bateria rodando, existem cerca de 200 prontos pelas diferentes fabricantes que não rodam por causa da falta de infraestrutura.

Mesmo assim, a prefeitura mantém a meta de 2,6 mil ônibus elétricos em operação na cidade de São Paulo até o fim de 2024, mas ainda não apontou os caminhos para resolver a questão da infraestrutura.

Categorias: OPINIÃO

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