Lula entre amigos
Para os candidatos à presidência da República, os espaços de propaganda eleitoral gratuita na TV começam a ir ao ar oficialmente a partir deste sábado (27), menos, porém, para Lula, que teve o privilégio de antecipar sua estreia na última quinta-feira (25), com direito a tapete vermelho, luz especial, câmera exclusiva e âncoras de luxo.
Sim, não passou disso, um descarado palanque eletrônico a seu favor, a sabatina dele no Jornal Nacional.
Era esperado que a participação do petista no noticioso da Globo, bem ao contrário do que ocorreu com Bolsonaro, que viu William Bonner e Renata Vasconcelos cuspindo fogo o tempo inteiro, seria um festival de gentilezas, afagos e amabilidades.
Entretanto, foi muito além disso. Só faltou a dupla, cheia de olhares cândidos, pedir desculpas a Sua Excelência pela obrigação de ter que lhe fazer algumas perguntinhas mais incômodas.
Até mesmo a doce Ana Maria Braga, em seu açucarado “Mais Você”, seria incapaz de inquirir um candidato presidencial com tanta mansuetude, candura e sabujice.
Logo no início da conversa, o apresentador teve o cuidado de deixar o ilustre convidado bem tranquilo e com a certeza de que seria tratado a pão-de-ló ao declarar para o chefe do Mensalão e do Petrolão que “o senhor não deve nada à Justiça”.
Bonner foi mais realista que o rei.
Nem os apadrinhados de Lula no Supremo Tribunal Federal, quando sacaram da cartola os artifícios jurídicos usados para habilitá-lo a disputar as eleições, ousaram absolvê-lo ou inocentá-lo das condenações pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro desvendados na Operação Lava Jato, limitando-se a anular os processos e remetê-los à estaca zero.
De qualquer forma, a entrevista teve ao menos um importante ponto positivo ao revelar que a nova versão do “Lulinha Paz e Amor”, do homem pacificador, disposto a promover a conciliação nacional, é pura fake news.
Depois de passar as últimas semanas buscando o apoio do agronegócio, prometendo uma convivência harmoniosa e respeitosa, Lula, lá pelas tantas, rasgou elogios para o MST e chamou os produtores rurais de fascistas.
É o velho e conhecido lobo se mostrando sob a pele de cordeiro.
Quem ninguém diga que não foi avisado.