Não há nada de novo debaixo do sol
Muito a contragosto, pois sabe que está desagradando profundamente seus apoiadores mais fiéis, o presidente Jair Bolsonaro acabou se rendendo, por necessidade, à costumeira prática do “toma lá dá cá” enraizada na cultura política brasileira, método que condenava de forma veemente durante sua campanha eleitoral e ao longo do primeiro ano de mandato.
Armando-se para enfrentar os eventuais pedidos de impeachment que venham a prosperar no Congresso Nacional e decidido, enfim, a montar, a qualquer preço, uma base sólida para aprovar seus projetos com mais tranquilidade e administrar sem maiores sobressaltos, ele acaba de convocar os bons préstimos do mal afamado Centrão, o agrupamento fisiológico formado por numeroso contingente de deputados e senadores de diferentes siglas que não se constrange em vender seu apoio pelos cargos mais estratégicos (leia-se cheios de dinheiro) da máquina pública.
Em suma, o presidente adota, para conduzir seu governo daqui pra frente, o manual da “realpolitik” (em alemão “política realística”), como ficou conhecido o conceito de “política de resultados” teorizado pelo historiador Ludwig von Rochau no século 19.
Como o nome já diz, refere-se à política baseada principalmente em considerações práticas e pragmáticas, em detrimento de noções ideológicas. Ou seja, não importam os meios, desde que eles justifiquem os fins.
Bolsonaro, a bem da verdade, não faz nada diferente do que todos os seus antecessores, sem exceção, já fizeram. O problema é que, ao adotar a mesma conduta, rasga uma parte do discurso que o elegeu e fica mais parecido com a maioria de seus adversários.
Fazer o quê?
Desde que o mundo é mundo, é assim que funciona esse negócio chamado política.
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