O PIB cresceu 3,4% – e daí?
A grande novidade do fim de semana foi o anúncio de que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 3,4% em 2024. O governo, claro, tratou de transformar esse número em um prolongamento da festa carnavalesca, alardeando o feito como se estivéssemos vivendo um novo milagre econômico. Mas a realidade, como sempre, é menos empolgante e mais reveladora do que as narrativas oficiais tentam vender.
Crescer 3,4% é melhor do que nada, sem dúvida. Mas está longe, muito longe, de ser um número exuberante, especialmente para um país que ainda precisa recuperar as perdas da pandemia e que tem desafios estruturais profundos. Para piorar, ficamos atrás de economias muito menos relevantes do que a nossa. A Costa Rica, por exemplo, cresceu mais. Isso mesmo: Costa Rica, um país simpático, bonito para turismo, mas que em termos de peso econômico mundial está para o Brasil assim como um boteco de esquina está para uma grande rede de restaurantes.
E não foi só a Costa Rica. Também a Indonésia, Filipinas, Malásia e até Taiwan cresceram mais do que o Brasil. Sim, Taiwan, aquela ilha que vive sob ameaça da China, conseguiu um desempenho econômico superior ao nosso.
Seja como for, de quem é o mérito desse crescimento? Seguramente, não do governo. O que puxou o PIB para cima foi o setor privado, o espírito empreendedor dos pequenos, médios e grandes empresários, o agronegócio, a indústria, o setor de serviços – este último, aliás, responsável direto pela evolução positiva. E isso tudo foi feito apesar do governo, e não por causa dele. Enquanto os empresários lutam para manter suas empresas de pé, gerar empregos e inovar, o governo contribui como sempre: cobrando impostos altíssimos, criando burocracia e mantendo uma política econômica errática, quando não destrutiva.
Aliás, lembram-se da tal nova política industrial que o governo prometeu? Pois é, continua no campo das promessas, junto com o equilíbrio fiscal e a redução dos gastos públicos. E aqui entramos no ponto mais crítico da equação: o governo gasta demais, não corta na própria carne e empurra a conta para a população.
E o resultado? Inflação fora da meta, poder aquisitivo despencando e uma taxa de juros que pode disparar. Sim, enquanto o PIB cresce, o dinheiro do brasileiro encolhe. Salários sobem? Sim. Mas os preços sobem mais rápido ainda, especialmente os alimentos. O que adianta um trabalhador receber um aumento se, quando chega no mercado, percebe que o quilo da carne está a preço de artigo de luxo e o café virou item de investimento?
O brasileiro tem que escolher entre pagar as contas e fazer uma compra decente. A economia vai bem para os gráficos, mas no bolso da população, a sensação é de que está tudo piorando.
E aí vem o grande dilema: com a inflação voltando a acelerar, o Banco Central terá que reagir. E qual é a ferramenta clássica para conter a inflação? Taxa de juros. Hoje está em 13,25%, mas não se espante se logo mais estiver batendo nos 14% ou 15%. Ou seja, mais crédito caro, mais dificuldade para investir, para consumir e para fazer a economia girar de verdade. No fim, o crescimento do PIB não reflete um país que está se tornando mais próspero, e sim um país que está correndo na esteira, suando, cansando, mas sem sair do lugar.
Mas voltemos ao governo e sua festa pelos 3,4%. Faz sentido comemorar um crescimento que é, na prática, anulado pela inflação? Sim, se o objetivo for vender um discurso e não lidar com a realidade. Enquanto isso, o governo segue despejando dinheiro na economia para “ajudar a população”, sem perceber (ou percebendo muito bem) que está jogando lenha na fogueira inflacionária. Dá dinheiro para o povo gastar, mas o povo gasta e vê tudo ficando mais caro. É um ciclo vicioso: o governo faz populismo econômico, o consumo sobe, a inflação dispara, os juros aumentam, a economia desacelera, e no fim, quem paga a conta é o cidadão comum.
Então, se quiser, comemore o crescimento de 3,4%. Mas faça isso com moderação, porque o brinde com uma boa cerveja pode sair mais caro do que você imagina – afinal, até a loira gelada aumentou. Quanto à picanha barata que o Lula prometeu, tá igual à Conceição: ninguém sabe, ninguém viu.
1 comentário
José A Dietrich F · 10/03/2025 às 21:03
Não sei quem é que calcula o PIB, mas suponho que seja o IBGE, atualmente presidido pelo suspeitissimo Prochman, conhecido esquerdista acusado de ser manipulador de dados estatísticos em “defesa” da causa deles. Dados portanto também suspeitos.