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Sem o menor pudor

Publicado por Caio Gottlieb em

Terminou sexta-feira (28) mais uma edição do badalado Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), a famosa faculdade particular que tem como sócio-fundador o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Realizado desde sempre na aprazível capital portuguesa, uma espécie de segundo lar do magistrado, com a vantagem de ser longe o bastante para dificultar a presença de olhares indiscretos, o seminário foi apelidado pela imprensa de “Gilmarpaloozza”, em jocosa alusão ao Lollapalooza, festival de música pop que acontece anualmente em São Paulo.

De fato, embora tenha uma agenda oficial de palestras sob o pretexto de discutir as transformações jurídicas do país, o fórum é, no fundo, uma grande festa de confraternização entre membros dos STF (além do anfitrião, estiveram lá cinco deles), empresários, parlamentares, ministros do governo Lula, governadores e advogados, em um ambiente de muita camaradagem, bastante favorável para resolver ao pé do ouvido os mais intrincados imbróglios judiciais.

Como de praxe, as autoridades, é claro, viajaram com todas as despesas pagas por nossos impostos, com serviço completo: passagens aéreas em classe executiva, hospedagens em hotéis de luxo, almoços e jantares em restaurantes da moda e ao sabor dos ótimos vinhos do Douro – que ninguém é de ferro.

Não é à toa que o evento se tornou o símbolo por excelência das relações promíscuas que tradicionalmente misturam os interesses públicos e privados no Brasil, mas que se acentuaram ainda mais nos anos recentes em que o poder político da mais alta instância do judiciário nacional ganhou maior protagonismo.

Não por acaso, aliás, dentre os empresários convidados como palestrantes estavam sócios, diretores e presidentes de 12 companhias com ações no STF – algumas delas tendo como relator o próprio Gilmar Mendes.

Enfim, é coisa de parodiar a icônica frase que faz parte da identidade de Las Vegas, a cidade do pecado: o que acontece em Lisboa, fica em Lisboa.

Categorias: OPINIÃO

1 comentário

Osvaldo R. Zaniolo · 02/07/2024 às 17:03

Outrora o
Outrora houve um famoso baile na Ilha Fiscal. Na semana seguinte o império caiu.

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