Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento descrito em nossa Política de Privacidade.

Incertezas no fim do túnel

Publicado por Caio Gottlieb em

Quando apareceram apenas dois interessados para brigar pelo lote 1 das novas concessões rodoviárias no Paraná, agora sob a gestão do governo federal, os meios empresariais e políticos do Estado não esconderam a frustração.

Esperava-se que o negócio atraísse, no mínimo, três ou quatro concorrentes.

Quando foi a leilão o lote 2 e surgiu apenas um grupo para dar lance único e vencer o certame, a decepção deu lugar a uma enorme preocupação com o futuro do programa que tem mais quatro trechos a serem leiloados.

Afinal de contas, se esses dois lotes, que eram os mais desejados do pacote por apresentarem maior volume de tráfego de veículos e demandarem menor contrapartida em obras, não despertaram a cobiça de um número maior de investidores, o que será dos outros?

Mesmo assim, no primeiro caso, como houve alguma disputa, conseguiu-se um bom desconto sobre o valor máximo das tarifas do pedágio inicialmente previsto.

Já no segundo pregão, logicamente, a redução foi ínfima, quase simbólica.

Ora, não havendo concorrência, não há motivo para cobrar menos do que o preço estabelecido no edital. É do jogo.

Mas, justiça seja feita, a falta de apetite dos investidores nacionais e estrangeiros para botar dinheiro em grandes projetos de infraestrutura não afeta só o Paraná.

Meses atrás, os leilões de um terminal portuário em Porto Alegre e de uma rodovia em Minas Gerais, preparados também pela União, tiveram que ser cancelados em cima da hora pela ausência de interessados.

É uma realidade bem diferente do que se via há dez anos, quando as licitações desses ativos chegavam a atrair até oito competidores, tal como aconteceu, em 2012, com um trecho da BR-101 no Espírito Santo.

Especialistas ouvidos sobre assunto elencam algumas razões para o sumiço dos investidores: defasagem de projetos e tabelas orçamentárias; taxas de juros desestimulantes; instabilidade na economia mundial diante das guerras na Ucrânia e em Gaza; as tentativas do governo Lula de fazer intervenções políticas em estatais e empresas privadas; e a insegurança jurídica face a frequentes mudanças de regras e interpretações do judiciário, leia-se STF.

Sem sofrer por antecipação, aguardemos com fé os leilões dos próximos lotes, um dos quais, o de número 6, abrange justamente o Oeste do Paraná, o mais importante polo agroindustrial do Estado e a região mais necessitada de um moderno sistema viário para o transporte de sua produção.

Convém, a propósito, avisar os navegantes que as operadoras dos lotes 1 e 2, envolvendo rodovias que interligam o Norte Pioneiro, Curitiba e o litoral, começam a cobrar pedágio no próximo dia 22, com valores, aliás, mais altos do que a tarifa-base devido à correção inflacionária de 15,75%, apurada no período entre 2021 e 2024.

Se tivermos estradas duplicadas, modernas e seguras entregues rigorosamente dentro dos prazos contratuais, pagaremos com gosto.

Categorias: OPINIÃO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *