Vitória do bom senso
Critiquei severamente, semanas atrás, a Associação Comercial do Paraná, que não é do Paraná, mas de Curitiba, pela infeliz ideia de abrir uma unidade em Foz do Iguaçu para vender serviços de proteção de crédito aos empresários do município, fazendo despropositada concorrência à coirmã local.
Ressalvei que embora não existisse na iniciativa nenhum impedimento legal, a investida caracterizava uma atitude antiética e uma abominável descortesia à Associação Comercial e Industrial da cidade (ACIFI), legítima porta-voz das empresas iguaçuenses há mais de 70 anos, além de ferir os princípios basilares do movimento associativista, fundamentados na união, na cooperação e na não-competição.
Retorno agora ao tema com a satisfação de poder informar que, felizmente, a paz voltou a reinar no meio das entidades empresariais do Estado.
Em comunicado divulgado na sexta-feira (6), assinado por Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB); Fernando Moraes, presidente da Federação das Associações Comerciais do Paraná (FACIAP); e Camilo Turmina, presidente da ACP, foi anunciado o acordo das três instituições que pôs fim ao conflito, resumido objetivamente no compromisso de “respeitar a regionalização entre as Associações Comerciais no Estado do Paraná” e na decisão de que “a ACP não irá apoiar a abertura de uma nova Associação em Foz do Iguaçu.”
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Mas é preciso registrar que o episódio trouxe à tona um antigo e recorrente questionamento sobre o nome da Associação Comercial do Paraná, assim chamada porque, quando de sua fundação, no século 19, era a única entidade do gênero no Estado, embora só congregasse os empresários da capital, como é até hoje.
Pode parecer um detalhe banal, mas ele sempre gera uma certa confusão no entendimento do alcance da representatividade institucional.
Por isso, desculpando-me pela insistência, renovo minha sugestão para que a ACP altere sua denominação para “Associação Comercial de Curitiba”, que expressaria corretamente sua identidade, já que é a FACIAP que tem a missão de representar o setor em âmbito estadual.
A mudança seria um gesto de grandeza e faria um bem enorme ao associativismo paranaense.
3 comentários
César Roberto Ioris - gerente geral ACIC · 31/05/2022 às 13:01
Caio parabéns pelo posicionamento e esclarecimento aos nossos associados.
Carlos Guedes · 09/05/2022 às 17:20
Excelente percepção e texto caro Caio. Concordo plenamente na sugestão apresentada para a troca da identidade. Acabaria com um problema crônico de confusão na comunicação. Seria de fato um belo gesto de grandeza e fecharia o flanco para que algum grupo se tome posse do Título ACtba.
Gilmar Denck · 10/05/2022 às 08:29
Excelente condução do assunto por parte de todos os envolvidos. Prevaleceu o bom senso. Substituir o nome seria outro passo nesta direção. Há momentos certos para tudo nesta vida, mas este quesito penso eu, já passou em muito da hora. E muito mais do que o nome é preciso reavaliar, não só por parte da direção da Acp, mas tambem por todos os dirigentes associativistas a função (para que serve e para que existimos) de todas as entidades do terceiro setor. A criação de serviços e sistemas com níveis de execelencia como foi o caso da criação do nosso Seproc, nos mostrou um caminho de auxílio a atividade empresarial ao mesmo tempo que nos trouxe muitos recursos financeiros . Não poderia ser melhor, entretanto de alguma forma isto chamou atenção de algozes empresários que não tiveram escrúpulos para usurpar do sistema em benefício próprio, pois de alguma forma perceberam que as entidades estão perdendo o foco no Associativismo e de alguma forma embarcaram fomos dois pés em competições de mercado, o que afronta totalmente os princípios da não competição. Associar é o caminho. Estamos aprendendo