O feitiço virou contra o feiticeiro
Quando Sergio Moro deu as costas ao Podemos, que já havia investido 2 milhões de reais em sua pré-campanha para a presidência da República, e ingressou nas fileiras do União Brasil levado, supostamente, pela oferta de mais dinheiro e estrutura para viabilizar suas aspirações, alguns de seus apoiadores mais eufóricos saudaram a manobra, ingenuamente, como uma autêntica “jogada de mestre”.
Lembremos que a expressão significa uma ação calculada, planejada e bem-sucedida, que exigiu perspicácia, talento e habilidade.
Inegavelmente, foi um verdadeiro golpe perfeito, só que não do ex-juiz, mas dos que queriam, e conseguiram, tirá-lo do páreo pela sucessão de Bolsonaro.
Tão logo assinou a ficha de filiação, e já sem prazo legal para mudar de partido novamente, Moro foi informado que terá de contentar-se em disputar uma vaga na Câmara Federal por São Paulo, seu atual domicílio eleitoral, já que o candidato da sigla ao Palácio do Planalto será Luciano Bivar, seu presidente.
Foi aí que ele caiu na real e descobriu, tardiamente, que havia sido atraído para uma armadilha montada ardilosamente por gente que não gosta dele.
Um dos principais articuladores do projeto presidencial de Moro no Podemos, o senador Alvaro Dias resumiu o fracassado movimento do ex-companheiro de agremiação em quatro piedosas palavras: “Entrou em uma arapuca.”
De fato, ao agir de maneira oportunista para obter posições mais vantajosas no tabuleiro das eleições, o brilhante magistrado da Operação Lava Jato, a quem seremos eternamente gratos pelos bons serviços prestados ao país no combate à corrupção, acabou sendo punido por transitar de forma temerária, inocente e amadora na traiçoeira areia movediça da política.
Como ensina a sabedoria popular, a esperteza, quando é muita, vira bicho e engole o dono.
1 comentário
Olavo Arsênio Fank · 17/04/2022 às 11:11
Conhecer os meandros e os jogadores (adversários e parceiros) é fundamental para o sucesso.