Livre, leve e solto
Um a um, pelas razões mais solertes que se possa imaginar, os inquéritos e processos por crimes de corrupção abertos contra Lula estão sendo paulatinamente invalidados em diversas instâncias judiciais, sem contar as sentenças condenatórias escandalosamente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal.
Agora foi a vez da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região juntar-se à força-tarefa da impunidade presenteando-o com o trancamento da única ação penal a que ele respondia em São Paulo.
Trata-se do caso em que o ex-presidente é acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro em uma negociata que envolveu a empreiteira ARG e o governo de Teodoro Obiang, ditador há mais de 40 anos da Guiné Equatorial, resultando em doações para o Instituto Lula como retribuição aos bons préstimos do petista na conquista do contrato para a empresa executar obras no país africano.
Para chegar à decisão de barrar a ação, os desembargadores acataram candidamente a marota alegação da defesa de que o processo foi “contaminado” pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro decretada pelo STF.
Usar a suposta falta de isenção de Moro na Operação Lava Jato, que desvendou os desvios bilionários da Petrobras, sobejamente provados com confissões, delações e devolução de dinheiro surrupiado, é a malandragem do momento para livrar a bandidagem de alto coturno das garras da lei.
Não consigo imaginar que esteja em curso uma operação amplamente orquestrada em diferentes esferas do poder judiciário para limpar a ficha do chefe da organização criminosa que comandou os esquemas de roubalheira do Mensalão e do Petrolão a fim de torná-lo elegível para concorrer à presidência da República em 2022.
Seria uma trama diabólica demais para ser verdadeira.
Mas que os astros andam todos conspirando a favor dele para encontrar tantos magistrados extremamente benevolentes, não resta a menor dúvida.