A que ponto chegamos
Apenas pró-forma, uma vez que já existe maioria formada em desfavor de Sergio Moro, deverá ser concluído nesta semana pelo STF o julgamento da suspeição do ex-juiz no processo em que ele condenou Lula por corrupção no caso do triplex do Guarujá.
Como se sabe, a alegada parcialidade de Moro teria se revelado na divulgação de mensagens roubadas por hackers dos celulares dos integrantes da Lava Jato.
Mesmo admitindo-se que as conversas trocadas entre o então magistrado e os procuradores da operação possam conter indícios de conduta pouco convencional em alguns momentos das investigações, a verdade é que são poucos os países onde é possível combater crimes do colarinho branco somente dentro das estritas normas legais.
E o Brasil não é um deles.
Corrupção não é roubo de galinhas. Envolve, via de regra, políticos de alto coturno com grande influência nos governos e empresários com muito dinheiro para comprar silêncios e bons advogados. A luta entre os agentes da lei e os bandidos é desigual.
É por essas e outras que Moro vem defendendo a criação de uma Corte Internacional Anticorrupção que, à semelhança do Tribunal Penal Internacional, teria, em escala global, “jurisdição subsidiária para investigar, processar e julgar crimes de grande corrupção que não encontrassem respostas nas cortes nacionais”.
Na avaliação dele, os mesmos motivos que levaram à criação do Tribunal Penal Internacional estariam aqui presentes: “a dificuldade ou mesmo incapacidade dos órgãos de controle nacionais de investigarem e punirem crimes de grande corrupção, já que estes são praticados por pessoas poderosas e que não raramente capturam as estruturas do Estado, inclusive os órgãos de controle, inviabilizando a sua ação”.
Concluindo, o ex-magistrado ressalta que vê essa internacionalização do combate à corrupção como “um avanço e não como uma intromissão indesejada na soberania. Soberania para receber ou pagar suborno não é desejável para qualquer nação”.
Eis uma boa ideia para libertar das garras dos corruptos certos países onde ficou proibido acabar com a impunidade de gente rica e poderosa.
3 comentários
José Alberto Dietrich Filho · 22/06/2021 às 21:07
Pobre deste País. Essa situação é semelhante ao homicida confesso que, na defesa, alega que a escuta das suas conversas e confissões não foi autorizada “na forma da lei”. Em todos os países civilizados é tolerada essa colaboração entre o judiciário e o ministério público quando se trate de investigar e punir crimes de lesa pátria, como esses apurados e provados pela Operação Lava jato. Há muita lama embaixo desses tapetes de Brasília. Se fôssemos franceses com certeza faríamos a Revolução e inventariamos aquele “aparelho” chamado Guilhotina. Mas somos apenas brasileiros.
Marcelo · 23/06/2021 às 19:09
Por isso é que temos mensalão, petróleo, bolsolao, rachadinha, venda de MP, vacina superfaturada e por aí vai.
Domingos Pascoal · 22/06/2021 às 12:10
A corrupção endêmica do Brasil e de outros países, principalmente os mais pobres; enriquecem políticos e grandes companhias corroem-se o PIB e não deixando margem para uma distribuição mais equitativa, tirando muitas famílias da miséria geral…que venha logo o Tribunal internacional