Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento descrito em nossa Política de Privacidade.

É bom porque é caro ou é caro porque é bom?

Publicado por Caio Gottlieb em

Já contei esta inusitada história aqui no blog.

Em uma noite no Balthazar, um dos restaurantes mais badalados de Nova York, quatro executivos de Wall Street pediram um Château Mouton Rothschild 1989, o vinho mais caro da casa, listado a 2 000 dólares.

Na mesa ao lado, um jovem casal escolheu um singelo pinot noir por 18 dólares.

Por um erro de serviço, os vinhos acabaram trocados, e o mais incrível é que os clientes nem sequer notaram a diferença.

Os amigos endinheirados provavelmente se derramaram em elogios à bebida barata e o casalzinho talvez tenha achado que sua escolha superou todas as expectativas.

O episódio, revelado no ano passado pela imprensa americana após ficar em segredo por duas décadas para evitar constrangimentos, foi relembrado na última edição da revista Veja ao divulgar um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Basileia, na Suiça, que mostrou que o vinho barato bate mais agradavelmente no paladar quando é sugerido que seus valores são elevados.

A matéria relata que o experimento envolveu 140 homens e mulheres, que degustaram três tintos italianos, com preços e qualidade diferentes. Alguns dos degustadores puderam ver os preços reais, mas, para outros, a marcação foi propositalmente exorbitante.

O resultado do teste foi que o rótulo mais em conta, apresentado com um valor quatro vezes maior, teve um desempenho 20% mais alto na degustação, sendo considerado o melhor de todos.

A conclusão: existe um efeito psicológico evidente a depender como o ser humano é submetido ao consumo.

“Durante muitos anos, valores altos eram indicativos de qualidade e durabilidade de um item, e instintivamente refletimos isso até hoje”, diz Paola Almeida, professora de psicologia comportamental da PUC de São Paulo.

Para reforçar a tese, a reportagem citou também um trabalho da Universidade de Bonn, na Alemanha, que atestou que inflacionar o preço de um produto tem impacto na fisiologia cerebral, aumentando de forma significativa a ativação da região associada à recompensa e motivação – a mesma área estimulada pelo uso de drogas.

A reação vale para todo produto cobiçado, sejam vinhos, roupas, eletrônicos ou qualquer outro item considerado de luxo.

Voltando ao néctar dos deuses, é bastante comum, também, ver apreciadores demonstrarem mais prazer ao saborear a bebida contida em um rótulo mais barato do que em um mais caro, mesmo tendo conhecimento antecipado dos valores de ambos, porque, no final, o que fala mais alto é o gosto pessoal de cada um.

E gosto é coisa que não se discute.

(Leia e compartilhe outras postagens acessando o site: caiogottlieb.jor.br)

Categorias:

2 comentários

Gustavo Alves · 27/04/2021 às 16:03

Por isso que eu fico com um bom vinho de colônia. Ou de nôno como se diz lá Caxias!

José Alberto Dietrich Filho · 26/04/2021 às 22:13

Como me disse certa vez um vinicultor espanhol, “el vino, lê gusta o no le gusta”. Esse é o segredo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *