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A Ford perdeu o bonde

Publicado por Caio Gottlieb em

Não se trata de desdenhá-la só porque agora ela resolveu por fim a uma relação de mais de um século e nos abandonar.

Mas a verdade é que o Brasil deixou de ser interessante para os negócios da Ford há muito tempo.

E a alegação de que um dos motivos para o fechamento de suas fábricas no país é a carga tributária, não passa de uma esfarrapada desculpa para encobrir o seu fracasso.

Se assim fosse, a GM não estaria programando investimentos no Brasil de mais de 10 bilhões de reais para ampliar e modernizar sua produção, confirmados, estrategicamente, no dia em que a concorrente anunciou sua retirada.

Embora deva se reconhecer que a alta tributação reduz a competividade dos produtos brasileiros, esse nunca foi um problema para as montadoras instaladas aqui, sempre privilegiadas com fartos incentivos fiscais e generosos subsídios governamentais.

De pioneira e líder do setor automotivo, a icônica marca norte-americana amarga hoje a quinta colocação no ranking nacional, com pouco mais de 7% de participação, e tornou-se mera coadjuvante em um mercado disputado ferozmente por indústrias mais ágeis e inovadoras, principalmente as asiáticas.

Seja como for, a saída do Brasil não é um episódio isolado. Pelo contrário, está inserido em uma reacomodação global das atividades da empresa.

O fato é que a Ford não viu o mundo mudar, ficou para trás tanto na corrida dos carros elétricos e dos modelos equipados com avançados apetrechos tecnológicos como nos processos de robotização das linhas de montagem.

É uma decadente companhia da velha economia que não honra a visão extraordinária de Henry Ford, seu lendário fundador.

Você vai dizer: tudo bem, mas ela vai permanecer na Argentina e no Uruguai.

Dá pra entender: assolada por uma devastadora recessão econômica, agravada pela pandemia e pelo populismo intervencionista do peronista Alberto Fernández, a Argentina tem hoje a mão de obra mais barata do mundo; já o Uruguai é um velho e conhecido paraíso fiscal, com impostos baixíssimos.

Ambos servem ao propósito publicitário da Ford de alardear que continua firme e forte na América do Sul.

Eu pergunto: até quando?

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