Para onde os ventos sopram

Talvez a melhor coisa que pode ter acontecido até agora para ajudar o projeto de reeleição de Jair Bolsonaro tenha sido a vitória de Joe Biden na polêmica e confusa disputa presidencial norte-americana.

Donald Trump era franco-favorito para conquistar o segundo mandato (tanto que fez um caminhão de votos) por três boas razões: tinha a seu favor o formidável crescimento da economia nos três primeiros anos de sua administração (só abalada agora pela pandemia da Covid-19), o menor índice de desemprego em décadas e um adversário reconhecidamente fraco e sem carisma, que não empolgava nem mesmo o seu próprio partido.

O presidente, porém, cometeu dois erros fatais: lidou mal com a doença, subestimando sua gravidade e demonstrando pouca empatia com as vítimas e seus familiares, e não fez nenhum esforço para ampliar sua base eleitoral, optando por manter-se exclusivamente alinhado a seus grupos mais fiéis e continuar instigando a polarização no país.

Não foi Biden que ganhou; foi Trump que perdeu.

Se entendeu o recado que emergiu das urnas na maior potência do planeta, que enfrenta a mesma guerra ideológica destrutiva que assola o Brasil, Bolsonaro, sem precisar abandonar suas convicções e as bandeiras pelas quais conquistou o cargo, deverá daqui pra frente buscar mais entendimento, conciliação e harmonia para atrair e consolidar o apoio dos eleitores de centro e daquele moderados que se encantam facilmente com as falácias da esquerda, e parar de seguir dobrando a aposta na divisão do país, iniciada, a bem da verdade, pelos governos do PT com o incitamento à luta de classes marcada pelo jargão “nós contra eles” que Lula bradava nos comícios.

Ninguém sabe quem vencerá as eleições de 2022, mas será o candidato que for capaz de convencer a maior parte da população de que conseguirá governar construindo consensos, com mais estabilidade e previsibilidade e menos tensões e conflitos.

Assim como nos Estados Unidos, as pessoas no Brasil e no mundo estão cansadas de confronto, ódio e radicalismos.

É tempo de dar uma nova chance para a paz na política.

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