Bloco de Notas

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Depois de ver Lula destilar todo o seu ódio e desejo de vingança contra o senador Sergio Moro, prometendo f… o ex-juiz que o botou na cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, em sentença validada por outros magistrados em três instâncias judiciais, temos que concordar com o bordão cantado pelos petistas para festejar o resultado da última eleição presidencial: o amor venceu.

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A propósito, embora restando pouca coisa a comemorar, a Lava Jato fez aniversário neste mês. Há 9 anos era iniciada a emblemática operação da Polícia Federal e do Ministério Público que escancarou a bilionária roubalheira na Petrobras. Aplaudida no mundo inteiro, a investigação surgiu como um marco histórico no combate ao crime do colarinho branco, mas hoje, esvaziada pelo Supremo Tribunal Federal, que mantém paralisadas 27 ações penais relacionas ao caso, é um símbolo da dificuldade de punir severamente gente poderosa no Brasil. Nenhum dos empresários e políticos de alto coturno envolvidos no assalto aos cofres da estatal está preso atualmente. O maior exemplo é o principal acusado de liderar o esquema, que conseguiu anular seus processos com a ajuda dos amigos que nomeou para a Corte e voltou à presidência da República. Acho que não é preciso dizer mais nada.

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Apesar de tudo, ao menos aonde não pode ser alcançada pelos tentáculos do STF, a operação sobrevive. Nestes mesmos dias, numa oportuna coincidência, o Escritório de Fraudes Graves do Reino Unido solicitou o confisco de mais de 7,7 milhões de dólares e 700 mil libras mantidos em uma conta bancária em Londres pertencente a Mario Ildeu de Miranda, importante ex-executivo da Petrobras, condenado em 2019 a 6 anos e 8 meses de prisão por embolsar cerca de 27 milhões de dólares em propinas da construtora Odebrecht. Ele chegou a ser preso durante a 51ª fase da Lava Jato, mas foi solto após pagar R$ 10 milhões em fiança e confessar a participação no esquema de corrupção. Rouba muito, devolve um pouco e sobra bastante pra levar uma vida de rei. Simples assim.

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Foi como atirar no que viu e acertar no que não viu: o governador Ratinho Junior esteve no Japão e na Coreia do Sul desbravando novos mercados para a carne suína do Paraná, que terá produção triplicada com a entrada em operação do novo e colossal frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand, mas a grande oportunidade para aumento das exportações do Estado está surgindo no vizinho gigante dos dois países. Exatamente no período da visita, em meados do mês, eclodiu um novo e intenso surto de peste suína em granjas da China, o maior produtor e consumidor mundial da proteína, que há tempos vem lutando contra episódios da doença que dizimam milhões de porcos. Resumo da ópera: os chineses devem aumentar significativamente as importações de suínos e o Paraná está pronto pra atender a demanda.

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Por falar nisso, precedendo a viagem oficial que Lula talvez ainda faça à China a partir de domingo, momentaneamente suspensa em função da pneumonia que o acometeu, uma delegação de cem empresários do agronegócio liderada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, já está por lá participando de encontros bilaterais que visam ampliar as vendas para o principal parceiro comercial do Brasil. Otimista, o ministro afirma que a diversidade e o tamanho do grupo demonstra o prestígio de Lula e marca a aproximação do setor ao Palácio do Planalto. Só que não é bem assim. Embora a China seja o maior comprador de soja em grãos do Brasil, nenhuma entidade que representa os produtores integra a comitiva. Com a ausência, eles expõem sua repulsa aos ataques raivosos que sofrem frequentemente do petista e seu repúdio à tolerância do governo com as invasões de propriedades rurais. Amor com amor se paga.

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Isso que é passar a boiada: pelo menos cinco ministros e aliados de Lula conseguiram, sem nenhum pudor ou constrangimento, emplacar as esposas em cargos de conselheiras dos tribunais de contas nos seus respectivos estados. São cargos vitalícios até os 75 anos, idade limite para aposentadoria no serviço público, com salários nunca inferiores a 35 mil reais. Não é ilegal, mas é absolutamente imoral. Condenando a prática, a diretora-executiva da Transparência Brasil, Juliana Sakai, diz que essas nomeações denotam o “aparelhamento político de órgãos importantes de fiscalização e controle, abrindo espaço para que adversários sejam perseguidos e amigos sejam protegidos, diminuindo a capacidade de um tribunal de contas exercer o seu papel.” Sejamos francos: esperava-se outra coisa dessa turma?

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Em um arroubo (ops) de sinceridade, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, réu confesso, condenado a mais de 400 anos de prisão por desvios de dinheiro público que somam centenas de milhões de reais, admitiu em recente entrevista que usou caixa 2 de campanha para comprar bens de uso pessoal, mas ressaltou, sem enrubescer, que nunca foi corrupto. Tão verdadeiro quanto o Coelhinho da Páscoa.