Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento descrito em nossa Política de Privacidade.

Não foram só aplausos

Publicado por Caio Gottlieb em

Quem abriu a boca, nos meios políticos, para comentar o pronunciamento do ministro Alexandre de Moraes ao ser entronizado na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, cuidou de se desmanchar em elogios e bajulações.

Ninguém dessa turma, a esta altura dos acontecimentos, vai querer se indispor com o temido togado que assumiu o comando das eleições ameaçando prender quem não seguir as regras ditadas por ele.

Apesar disso, não faltaram nomes ilustres para criticar a fala imperial de Moraes.

Um deles foi o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, que definiu de forma lapidar a cerimônia de coroação do César tupiniquim: “Nefasto acontecimento”.

Repreendendo duramente as palavras do ex-colega, Mello disse que “é costume o anfitrião receber com tapete vermelho os convidados, especialmente o dirigente maior do país. O discurso do empossado foi agressivo, em nada contribuindo para o almejado entendimento”.

Outro que não teve papas na língua para reprovar o tom belicoso de Moraes foi o renomado jornalista J.R. Guzzo, uma das mais respeitadas vozes da direita na grande imprensa nacional.

Escreveu ele em um dos trechos do seu artigo sobre o funesto evento: “O ministro deixou claro em seu discurso de posse, mais uma vez, que o importante para ele, para o STF e para o consórcio ‘esquerdoso’ que o transformou em herói das ‘lutas’ contra o governo, não são as eleições populares – são as urnas eletrônicas do TSE”.

E concluiu com um resumo impecável sobre o deprimente beija-mão que reuniu as cortes palacianas em Brasília na semana passada: “O discurso de Moraes é uma explosão de rancor contra a ideia geral da liberdade; tudo o que lhe ocorre dizer a respeito do assunto é que a liberdade é algo que deve ser controlado, limitado e punido, quando o STF não aprovar o uso que for feito dela”.

Mas a reação mais contundente, e surpreendente, veio justamente de um alto membro do Poder Judiciário.

Em protesto contra a conduta do novo chefão do TSE, o desembargador Sebastião Coelho da Silva, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, simplesmente anunciou sua aposentadoria, oito anos antes do limite de idade que o tiraria compulsoriamente do cargo.

Ao comunicar a decisão ao seu superior hierárquico, ele disse que Moraes perdeu a oportunidade de fazer uma “conclamação de paz para a nação” com a presença dos candidatos à Presidência.

“O que eu vi, a meu sentir, o eminente ministro Alexandre de Moraes fez uma declaração de guerra ao país. O seu discurso é um discurso que inflama. É um discurso que não agrega. E eu não quero participar disso”, completou o magistrado.

O problema é que o seu gesto, embora admirável, corajoso e honroso, é inócuo e nos priva de um aliado importante no enfrentamento do ativismo judicial que assola a República.

É de mais juízes que pensam como ele que o Brasil está precisando.

Categorias: Uncategorized

1 comentário

Marcos Villanova de Castro · 24/08/2022 às 11:05

Alexandre de Moraes tem uma missão: fazer tudo o que estiver ao seu alcance para prejudicar a candidatura do presidente Bolsonaro e, para cumprir essa missão, não lhe faltam poderosos e sinistros mentores e apoiadores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *