O ódio que nos move

Vejo analistas profetizando na imprensa que a campanha eleitoral que começa a tomar conta das ruas será movida pelo ódio.

Posso dizer que da parte dos brasileiros que ainda não desistiram de viver em um país decente, ético, sério e justo, será mesmo.

Haverá ódio ao ativismo do STF que afronta diariamente a Constituição usurpando prerrogativas do executivo e do legislativo e transformando o Brasil em uma ditadura do judiciário.

Ódio às escandalosas chicanas jurídicas armadas nas altas Cortes para blindar e livrar da cadeia bandidos do colarinho branco ricos e poderosos.

Ódio de assistir desfilando impunes, diante de nossos olhos, ilustres políticos e empresários reincidentes na roubalheira que há décadas dilapidam as finanças e as riquezas da nação.

Ódio de ver a descarada anulação de processos e condenações que resultaram de evidências insofismáveis colhidas a partir de denúncias de delatores que devolveram aos cofres públicos bilhões de reais desviados de companhias estatais e órgãos do governo.

Ódio de presenciar candidatos comprovadamente corruptos pedindo votos, ávidos para ocupar novamente cargos públicos e retomar a rotina de falcatruas.

Ódio de testemunhar a mais acintosa inversão de valores da história que vem tornando juízes e promotores que combateram a corrupção alvos da perseguição dos que a praticaram, encorajados e protegidos por cúmplices instalados nos tribunais superiores.

Ódio de perceber que o recado que está sendo transmitido à sociedade é que a lei será implacável com aqueles que ousarem enfrentar as organizações mafiosas que se apropriaram do Estado.

Ódio de constatar que a impunidade está mostrando que o crime compensa e incentivando velhos e novos ladrões a escarnecer da honestidade e se empenhar para que tudo continue como sempre foi.

É esse o sentimento que nos move para irmos às urnas em outubro e fazermos as escolhas certas.