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O adeus do Gordo

Publicado por Caio Gottlieb em

Para fazer a gente dar boas gargalhadas, ele foi da estirpe extraordinária do time formado por Chico Anysio (o que mais se aproximava de suas múltiplas e raras habilidades), Ronald Golias, José de Vasconcelos, Agildo Ribeiro, Oscarito e Grande Otelo.

No entanto, sem nenhum demérito aos demais, todos inigualáveis e insubstituíveis, Jô é incomparavelmente maior. E não só no tamanho – para não perder a piada.

Mais do que um excepcional humorista e comediante, as duas principais e inspiradoras virtudes que o consagraram, ele também brilhou como ator, escritor, pintor, cantor, músico (tocava trompete, piano e percussão), dançarino, entrevistador, roteirista de cinema, coreógrafo, diretor de teatro e outras coisas que talvez nem sejam de conhecimento público, além de ser dono – como atestam seus amigos e colegas de trabalho – de um coração tão grande quanto o seu adorável corpanzil.

Jô criou programas e personagens inesquecíveis que encantaram gerações de telespectadores e permanecem vivos na memória afetiva de milhões de brasileiros.

Tivesse nascido nos Estados Unidos, na França ou na Itália, países em que teria alcançado maior projeção internacional, Jô estaria no panteão dos maiores gênios artísticos da humanidade.

Onde colocasse sua mão, fazia tudo com a mais absoluta maestria.

Diante de sua partida, olhando para o cenário desolador de mediocridades que empobreceram a cultura do país, dominada por simulacros de palhaços contando anedotas sem graça, batidões eletrônicos que chamam de música, cantoras que cantam mais com o bumbum do que com a voz e “influencers digitais” que hipnotizam multidões verbalizando tolices na internet, temos a exata dimensão da falta que o talento dele fará.

Jô passou a vida nos fazendo rir. E não fugiu à regra mesmo quando falou na morte, ao ditar o epitáfio que gostaria de ver inscrito em sua lápide: “Enfim, magro.”

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