Tá proibido falar nisso, ok?
Fazendo uso, mais uma vez, de suas atribuições acumuladas de delegado de polícia, promotor público e juiz, o ministro Alexandre de Moraes, atendendo a um pedido do PT, proibiu as redes sociais de mencionarem que há ligações entre o partido e o PCC e também fazer referências às suspeitas de participação de integrantes da agremiação política no assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel.
Para quem não ficou sabendo dos motivos que originaram o pleito da sigla, prontamente acatado pelo xerife do Supremo Tribunal Federal, a suposta relação entre o petismo e a maior facção criminosa do país veio à tona em recente e explosiva reportagem da revista Veja, reproduzida também aqui no blog em nota publicada sob o título “O passado que não quer calar”, que revelou trechos inéditos do acordo de delação premiada (homologado pelo ex-ministro do STF Celso de Mello) fechado pelo publicitário Marcos Valério com a Polícia Federal.
Em um de seus depoimentos mais bombásticos, o famoso operador do esquema de corrupção que ficou conhecido como escândalo do Mensalão, onde lhe cabia a tarefa de fazer pagamentos a parlamentares em troca de apoio no Congresso ao governo do então recém-eleito presidente Lula, afirmou que ouviu do à época secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Sílvio Pereira, detalhes sobre o que seria a associação entre petistas e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo Valério, o empresário do ramo dos transportes Ronan Maria Pinto chantageava o presidente Lula para não revelar o que supostamente seria uma bala de prata contra o partido: detalhes de como funcionava o esquema de arrecadação ilegal de recursos para financiar petistas.
Diz a matéria da Veja que o secretário-geral da sigla confidenciou ao delator que “Ronan ameaçava revelar que o PT recebia clandestinamente dinheiro de diversas empresas e até de bingos e que, neste último caso, os repasses financeiros ao partido seriam uma forma de lavar recursos do crime organizado. Valério é claro ao explicar a quem se referia ao mencionar, genericamente, crime organizado: o PCC.”
Pelo seu silêncio, Ronan teria embolsado cerca de 6 milhões de reais.
O publicitário também informou ter conhecimento que “o então prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002 em um crime envolto em mistérios, havia produzido um dossiê detalhando quem, dentro dos quadros petistas, estava sendo financiado de forma ilegal.
O que Daniel não sabia, contou o delator aos investigadores, é que a arrecadação clandestina não beneficiava apenas a cúpula partidária: vereadores e deputados petistas que mantinham relações com o crime organizado estavam recebendo livremente dinheiro sujo.”
Conclui-se que a possível existência de tal documento, que ninguém nunca viu, pode ter provocado a execução do prefeito petista numa espécie de queima de arquivo.
Todo esse imbróglio é uma das passagens mais tenebrosas e mal esclarecidas da história política brasileira, que, a partir de agora, não pode mais ser noticiada.
Voltei ao assunto apenas para informar os leitores sobre a proibição decretada pelo ministro Moraes para não se fazer mais alusões sobre o envolvimento do PT com o PCC e com a obscura morte de Celso Daniel.
Repito: é proibido divulgar os relatos de Valério que envolvem o PT com o PCC e com o homicídio de Celso Daniel.
Fica o registro.
2 comentários
Marcos Villanova de Castro · 25/07/2022 às 20:24
Muito obrigado pelo aviso, Caio. Eu confesso que já tinha lido a respeito e até postei na minha rede social que o ministro proibiu, sob pena de prisão, que se comente a ligação entre o PT e o PCC. Mas nunca é demais deixar claro para alguns desavisados: está proibido falar sobre a ligação entre o PT e o PCC.
Augusto Costa · 25/07/2022 às 19:57
Obrigado por me avisar que não é pra divulgar que o PT tem ligações com o PCC, como saiu na Veja.
Vou espalhar esse aviso em todos os grupos que integro em vários aplicativos 😇