Nunca um olhar disse tanto

Única no Brasil e raríssima no mundo, a heróica história de Elaine Luzia dos Santos vem colocando Cascavel em evidência na grande mídia nacional e se transformando em um dos fatos mais inspiradores dos nossos tempos.

Domingo passado, por exemplo, o Fantástico da Rede Globo, um dos programas de maior audiência da tv brasileira, exibiu extensa reportagem sobre a saga que transformou Elaine em um símbolo de fé, garra e força de vontade extremas.

Em novembro de 2014, quando cursava o terceiro ano de Medicina na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, onde já havia se graduado em Farmácia, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral que resultou na perda total dos movimentos e da fala.

Dotada de perseverança incomum, Elaine não desistiu do sonho: superando todos os obstáculos e sacrifícios possíveis e imagináveis que se antepõe a alguém na sua condição, ela colou grau em maio e tornou-se a primeira pessoa com tetraparesia a receber o diploma de Médica em uma instituição de ensino superior do país.

Para isso, Elaine valeu-se de uma ferramenta chamada “prancha alfabética” que possibilitou que ela “falasse” sem utilizar as cordas vocais.

Trata-se de uma tabela dividida em cinco linhas, cada uma delas contendo um grupo de letras. Para formar as palavras e frases, Elaine pisca quando uma intérprete diz a letra necessária para construir a ideia que ela quer expressar.

Sim, Elaine “conversa” através dos olhos. E, por uma divina coincidência, o seu segundo nome, Luzia, é como se chama a santa italiana protetora da visão.

Mas além de sua incrível determinação e do apoio desmedido da família ao longo dessa difícil, porém gratificante jornada, é preciso destacar a enorme cooperação e a imensa solidariedade dos servidores e do corpo docente da Unioeste, sob a liderança do professor doutor Allan César Faria Araújo, coordenador do curso de Medicina, que não pouparam esforços para adaptar estruturas físicas, fazer ajustes na metodologia de ensino e reformular procedimentos de avaliação para Elaine concluir os estudos em pé de igualdade com seus colegas.

A propósito, ela já definiu que vai se especializar em radiologia, para atuar na produção de laudos médicos.

E você aí, que fala pelos cotovelos, anda, corre e se movimenta sem quaisquer limitações, vai continuar reclamando da vida?