O futuro bate à porta
Relegada a terceiro ou quarto plano na ordem dos assuntos atuais de interesse nacional, atrás dos embates da pré-campanha eleitoral, da alta dos combustíveis e da escalada da inflação, a internet móvel de 5ª geração está vindo aí quase sem ninguém perceber.
A data prevista para o início das operações da tecnologia no país é o próximo dia 31 de julho, começando pelas capitais, estendendo-se depois paulatinamente às grandes, médias e pequenas cidades, até cobrir todas as regiões do Brasil, lá por meados de 2029.
Cada estado terá ao menos três operadoras licenciadas para fornecer o 5G no mapa brasileiro, entre outorgas regionais e nacional.
Serão quatro operadoras com outorga nacional: as gigantes e já conhecidas Claro, TIM e Vivo, mais a novata Winity, relacionada ao fundo Pátria Investimentos.
No caso das outorgas regionais, a divisão do país também inclui as grandes teles, mas terá no jogo duas empresas de menor porte já atuantes no setor – Algar Telecom e Sercomtel – e mais quatro entrantes, como são chamadas companhias que vão ingressar no segmento com o fornecimento do 5G: Brisanet, Cloud2U, Consórcio 5G Sul (formado por Copel Telecom e Unifique) e Neko.
Cada uma das operadoras terá área de cobertura definida a partir dos lotes arrematados no leilão realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com sobreposições:
Algar Telecom oferecerá o serviço de 5G no sul de Minas Gerais, no Triângulo Mineiro e em localidades dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo;
Brisanet será responsável pelo serviço nas regiões Nordeste e Centro-Oeste;
Claro garantiu atuação em todos os estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul e também no estado de São Paulo e em localidades dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás;
Cloud2U terá outorga para operar o 5G nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Espírito Santo;
Consórcio 5G levará a tecnologia para a região Sul;
Neko garantiu atuação no estado de São Paulo;
Sercomtel vai atuar na região Norte e no estado de São Paulo;
TIM ficou com toda a região Sul e estados do Sudeste;
Vivo prestará o serviço nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
A entrada do Brasil na era do 5G traz a expectativa de aumento na produtividade, redução de custos e surgimento de novos modelos de negócios com capacidade de alavancar o PIB brasileiro em US$ 1,2 trilhão até o ano de 2035.
Com mais velocidade e baixo tempo de resposta, a nova tecnologia deve permitir aplicações inovadoras especialmente no setor produtivo, estimulando, assim, crescimento econômico a partir do acesso amplo às soluções atingidas pelas redes móveis, que passarão a garantir mais conectividade de dispositivos.
De acordo com o estudo da consultoria Omdia para a Nokia, os principais setores a serem beneficiados pelo 5G no Brasil são tecnologia da informação, governo, manufatura, serviços, varejo, agricultura e mineração.
Ter um aparelho com 5G vai significar lançar mão de mais agilidade e eficiência.
Para se ter uma ideia, a tecnologia opera em uma largura de banda maior, que permite um salto de 300 Mbps (megabits por segundo) para 10 Gbps (gigabits por segundo).
Trata-se de uma conexão 30 vezes mais rápida. Assim, é possível, por exemplo, participar de reuniões on-line, ou assistir a vídeos em alta definição por streaming sem bugs ou delay.
E as vantagens não param por aí.
A latência (tempo de resposta da conexão) vai ser reduzida a praticamente zero, favorecendo as aplicações em tempo real ou que demandam trocas de informações mais rápidas.
Também vai permitir um número de aparelhos conectados por área de 50 a 100 vezes maior que o atual.
As redes também devem consumir 90% menos energia, além de viabilizarem melhor eficiência energética, ou seja, mais duração de bateria.
O avanço da quinta geração da rede não se trata apenas de telefonia móvel. Esse salto tecnológico finalmente vai possibilitar que os ambientes inteligentes se tornem uma realidade.
Sistemas de iluminação pública e residencial, eletrodomésticos, centrais de segurança, guichês de supermercados, sensores meteorológicos e muitos outros dispositivos poderão conectar-se mutuamente, oferecendo inúmeras possibilidades para prefeituras, residências, ruas, hospitais, comércios e indústrias.
Já imaginou semáforos geridos por inteligência artificial, alterando o fluxo das cidades e melhorando o trânsito e a emissão de CO2? Ou médicos de grandes centros operando remotamente por meio de um robô com respostas em tempo real?
Muito disso tudo parece surreal, coisa de filme, mas, com a chegada da tecnologia 5G, um mundo novo de possibilidades está logo ali.
Que os leitores me desculpem pela publicação de uma matéria tão extensa, fugindo de uma das principais características do blog, que é a postagem de notas mais curtas, bem sintetizadas.
Mas não dava para escrever sobre uma revolução tecnológica e econômica de tal monta sem oferecer uma visão mais completa de seus impactos em nossas vidas.