Sobre picaretas, achacadores e chantagistas
Sejam quais forem suas inclinações ideológicas, e ainda que divirjam radicalmente sobre tudo, os governantes que se sucedem no comando do país à frente do Poder Executivo parecem ter sempre a mesma opinião a respeito dos integrantes da Câmara Federal e do Senado.
Em 1993, quando presidia o PT depois de ter sido deputado-constituinte, Lula declarou que “há no Congresso uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”.
Alguns anos depois, em fevereiro de 2015, eis que o então ministro da Educação do governo Dilma e hoje senador Cid Gomes, o herói cearense da retroescavadeira, faz uma constatação similar: “Tem lá uns 400, 300 deputados que quanto pior, melhor pra eles, que querem que o governo esteja frágil, porque é a forma deles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele e aprovarem suas emendas impositivas”.
Há poucos dias, em uma conversa reservada que acidentalmente veio a público, coube ao General Augusto Heleno, um dos principais ministros de Jair Bolsonaro, queixar-se da turma citada por Lula e Cid, concluindo a frase com um palavrão que resumiu toda a irritação do governo com os deputados e senadores: “Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. Fodam-se”.
Foi o desabafo de Heleno, expressando a contrariedade do Palácio do Planalto às emendas impositivas que deixam nas mãos dos parlamentares o controle total da destinação de fatia expressiva dos recursos orçamentários da União, que acabou inspirando a mobilização marcada para dia 15 para manifestar apoio ao presidente e protestar contra o Congresso Nacional, devendo sobrar também esculachos contra o STF.
Vai ser o dia do f…-se todo mundo.
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