De mal a pior
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Pode ter apanhado muita gente de surpresa na tríplice fronteira a notícia do encerramento das atividades da tradicionalíssima Casa China, um dos grandes templos do turismo de compras de Ciudad del Este.
Mas não provocou nenhum espanto nos concorrentes.
Em nota divulgada para informar o ponto final de uma história de quase meio século, a empresa apenas lamentou, laconicamente, que foi muito difícil para os proprietários a decisão de baixar as portas em caráter definitivo e agradeceu o apoio recebido ao longo de sua trajetória.
O fato é que o episódio é somente mais um capítulo de um drama que já se arrasta há tempos: a segunda maior cidade do Paraguai vem atravessando a mais grave crise de sua existência e o motivo não é somente a supervalorização do dólar que reduziu drasticamente o fluxo de turistas brasileiros, seus principais clientes, que, por sinal, também não vivem um bom momento financeiro.
A verdade é que o Paraguai, por falta de ajustes em sua política econômica, deixou de ser competitivo como outrora, o que faz com que os produtos importados lá vendidos sejam adquiridos por preços mais baratos no Brasil.
Como resultado da inação do governo, nos últimos três anos saíram de cena no outro lado da Ponte da Amizade mais de 500 lojas, gerando uma enorme legião de desempregados.
O fechamento da Casa China só fez mais barulho que as outras.