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Quem tem padrinho não morre pagão

Publicado por Caio Gottlieb em

Impressiona a facilidade com que os deuses do Olimpo brasileiro, isto é, os membros do Supremo Tribunal Federal, sem a menor cerimônia, mudam de ideia para proteger seus amigos encrencados com a lei.

É exemplar, nesse sentido, a historinha envolvendo os influentes senadores Renan Calheiros, de Alagoas, e Eduardo Braga, do Amazonas, ambos do MDB velho de guerra, acusados de terem recebido 20 milhões de reais da indústria farmacêutica Hypermarcas (atual Hypera Pharma) em troca da aprovação de incentivos fiscais para a companhia.

Revelado em um desdobramento da Operação Lava Jato (sempre ela tirando o sossego de políticos éticos e íntegros), o caso levou a Polícia Federal, em setembro passado, a indiciar os dois parlamentares por suposta prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Convém registrar que toda a apuração do ilícito teve por base a delação premiada, homologada em 2020 pelo ministro Edson Fachin, de um ex-diretor da empresa que contou em detalhes, com evidências incontestáveis, como se deu a entrega da polpuda propina à dupla.

Mas, já no início de outubro, a Procuradoria-Geral da República entrou em cena para defender o fim do procedimento por falta de provas de que Calheiros e Braga foram os destinatários finais do dinheiro do suborno.

Eis então que o mesmo Fachin, em uma guinada de 180 graus, volta atrás em sua decisão que originou o processo e determina o arquivamento do inquérito, alegando que “diante do manifesto desinteresse do Ministério Público Federal, resulta inviável prosseguir no caminho investigativo”.

Resta agora saber para quem foi o pixuléco de 20 milhões e aguarda-se um pedido de desculpas públicas do magistrado por ter duvidado da honestidade dos ilustres senadores.

Ainda bem que a injustiça foi contida a tempo.

Categorias: OPINIÃO

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