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E a gente ainda tem que ouvir isso

Publicado por Caio Gottlieb em

Com a sua peculiar humildade, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico que planeja concluir seu mandato, em outubro de 2025, deixando um legado histórico.

Orgulhando-se de ter somado forças ao lado de outros tiranetes da Corte na heroica missão de “salvar” a democracia brasileira (leia-se: evitar a reeleição de Bolsonaro e dar um jeito de recolocar Lula no Palácio do Planalt0), ele agora está imbuído do grandioso propósito de “recivilizar” o país.

Recivilizar, segundo os dicionários, é civilizar novamente uma pessoa ou um povo que teria retrocedido ao seu estado primitivo. É instruí-lo, educá-lo, torná-lo cortês, fazê-lo cumprir normas de convivência social e obedecer às leis.

Significa dizer que, na presunçosa visão de sua excelência, o Brasil regrediu na escala civilizatória da humanidade ao ser governado por um presidente que se guiou por valores e princípios cultivados pela direita, que enaltecem quem trabalha e produz, rejeitam a ideologia de gênero e o culto a outras aberrações comportamentais, combatem a corrupção, defendem a meritocracia, a livre iniciativa e a liberdade de expressão.

Pelo visto, a “recivilização” pregada pelo nobre magistrado quer o contrário disso tudo.

De qualquer maneira, vamos aproveitar a ideia luminosa de Barroso e lhe sugerir que comece a epopeica obra “recivilizando” seus colegas do STF, incluindo ele próprio, para que voltem a respeitar os limites de suas prerrogativas legais, cessem seus abusos autoritários, parem de garantir a impunidade de criminosos de colarinho branco, pratiquem a verdadeira Justiça e tornem-se efetivamente um farol de ética e moralidade para a nação.

Aliás, em outra manifestação nestes últimos dias, ao reagir às propostas de emenda constitucional que estão tramitando no Congresso Nacional para frear o ativismo judicial do Supremo, sua majestade esbravejou: “Não se mexe em instituições que estão funcionando”.

Desculpe-nos, ministro, mas se o STF está funcionando, não é a favor dos interesses da população brasileira.

Por sinal, a Corte foi tema nesta semana de mais uma reportagem do The New York Times que mostrou como, depois de aumentar excepcionalmente os seus poderes sob a justificativa de conter o que seriam “ameaças bolsonaristas ao Estado de Direito”, o tribunal se tornou “motivo de preocupação por se recusar a voltar ao leito da normalidade democrática”.

Taí, dito com todas as letras, pelo mais importante jornal norte-americano.

É por isso mesmo que o Poder Legislativo, atuando dentro de suas legítimas atribuições, decidiu mexer diretamente na Constituição Federal, uma vez que, em relação ao STF, ela não está funcionando.

Ou seja, se não dá pra mudar a conduta dos integrantes da suprema Corte e nem trocá-los, mudem-se as leis que a regem. Simples.

Categorias: OPINIÃO

2 comentários

Augusto Fonseca da Costa · 18/10/2024 às 13:20

Tenho viralizado esses excelentes e corajosos artigos do Caio em todos os grupos sociais dos quais participo,

Waldemar Ferreira de Souza · 17/10/2024 às 18:12

Comentário simplesmente impecável. Como sempre,o Caio,que não é o Copolla mas tem o mesmo nível de discernimento das coisas brasileiras,merece todo o nosso respeito e admiração. Ele fala por todos os brasileiros de bem.No meu ponto de vista ,é uma luz que dissipa a terrível escuridão que teima em nós envolver.Parabens Caio estamos juntos siga em frente que nós o acompanharemos com muita gratidão.

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