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A imoralidade não tem limites

Publicado por Caio Gottlieb em

Uma das maiores instituições financeiras do país com operação exclusivamente digital, o Banco Master figurou entre os principais patrocinadores do 1º Fórum Jurídico Brasil de Ideias, realizado na semana passada em Londres.

Foi mais um daqueles manjados seminários promovidos por lobistas sob o pretexto de debater temas aparentemente importantes, mas que, na verdade, objetivam unicamente oferecer a oportunidade para conversas reservadas de grandes empresários brasileiros com membros da cúpula do poder judiciário nacional, preferencialmente, como foi o caso, o mais distante possível do país e com entrada proibida para a imprensa.

Agraciados com passagens, hospedagens e refeições pagas pelos organizadores, estiveram na capital britânica para proferir palestras no evento os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, mais os ministros Luis Felipe Salomão, Antonio Saldanha Palheiro, Benedito Gonçalves, Mauro Campbell Marques e Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça, além de outras ilustres autoridades da República.

Abro um parênteses para imaginar o enorme esforço que a seleta plateia presente no encontro deva ter feito para conter o riso ao ler o título de um dos painéis constantes da programação: “Estabilidade Institucional e Segurança Jurídica para Atração de Investimentos Internacionais”.

É uma perfeita piada pronta diante da instabilidade institucional e da insegurança jurídica que marcam atualmente a vida do país, espantando para outras plagas os investidores estrangeiros.

Mas isso é apenas nota de rodapé.

O aspecto que merece mesmo ser destacado é o fato de que o Banco Master tem ações judiciais que podem lhe render centenas de milhões de reais tramitando tanto no STF quanto no STJ.

Nada poderia ser mais abjeto do que essa prática indecorosa recorrente no Brasil: magistrados das altas Cortes confraternizando alegremente, sem o menor pudor, sem nenhum constrangimento, com figurões que têm interesses em processos que a qualquer momento eles estarão julgando.

São relações promíscuas, vergonhosas, suspeitas e comprometedoras, impensáveis em nações minimamente sérias.

Felizmente para esse pessoal, o Brasil, obviamente, não está entre elas.

Categorias: OPINIÃO

2 comentários

Alfeu José Gonzatto · 01/05/2024 às 20:27

Pois é Caio, todo e qualquer comentário de,nossa parte, não será, por certo, tão esclarecedor como o teu que bem disse tudo.
Mas leva da gente o último pingo de confiança nessa instituição que deveria ser a guardiã da Constituição.

Stenio H. De Souza · 01/05/2024 às 09:24

A
Excelente análise Caio. Trata-se, realmente , de uma relação promíscua, cujo objetivo é fazer lobby e negociatas. A nossa corte suprema é a de uma república bananeira mesmo.

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