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Musk, o nosso malvado favorito

Publicado por Caio Gottlieb em

Remanescentes e herdeiros ideológicos da luta armada que seis décadas atrás tentou implantar o comunismo no Brasil, felizmente reprimida pelo movimento militar respaldado por lideranças civis que tomou o poder atendendo a um quase unânime clamor nacional, andaram divulgando nos últimos dias declarações contra a Revolução de 1964, repudiando, por exemplo, as restrições à liberdade de expressão adotadas na época.

Pregadores ardorosos do sagrado direito à livre manifestação de opinião e pensamento, eles bem que poderiam protestar também contra as decisões do ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que, desde o início do governo Bolsonaro, vem excluindo publicações nas redes sociais que abordem conteúdos que ele considera politicamente inadequados, suspendendo perfis de apoiadores do ex-presidente nas plataformas digitais e até proibindo emissoras de TV e rádio de formularem reparos à atuação das duas Cortes.

Diante do silêncio seletivo gritante dos paladinos das liberdades civis que ignoram as arbitrariedades cometidas pelo STF e pelo TSE, desnudando indisfarçável cumplicidade com os ditadores de toga, e da mudez não menos eloquente dos veículos de comunicação da grande imprensa, visivelmente temerosos de serem punidos pela tirania judicial imposta ao país, quem ousou denunciar para o mundo os perigos que rondam a democracia no Brasil foi o bilionário sul-africano Elon Musk.

Dono do X (antigo Twitter), Musk acusou o todo-poderoso Moraes de instituir a censura no Brasil e desafiou o ministro avisando que vai descumprir ordens judiciais e revisar restrições impostas à plataforma.

“Por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”, questionou o fundador da Tesla, no último sábado, 6, ao comentar a postagem feita pelo magistrado em janeiro para cumprimentar o ministro Ricardo Lewandowski pela nomeação como chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública do governo Lula. “Esta censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil”, assinalou Musk.

Logo em seguida, a própria X se manifestou dizendo que foi “forçada” por decisões judiciais a bloquear contas no Brasil.

“Não sabemos os motivos pelos quais essas ordens de bloqueio foram emitidas”, escreveu a companhia, afirmando desconhecer quais publicações violaram a lei e diz estar proibida de informar quais contas foram afetadas.

Em sua conta pessoal, o empresário ressaltou que a empresa está levantando todas as restrições determinadas por Moraes. Musk ameaçou rever proibições que foram impostas por decisões judiciais e sublinhou que por causa disso “provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos que fechar nosso escritório lá. Mas os princípios são mais importantes do que o lucro”.

“Esse juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil”, escreveu.

Mas é necessário retroceder alguns dias antes para entender os motivos que fizeram Musk expor sua indignação publicamente.

Tudo começou na quarta-feira (3), quando o jornalista norte-americano Michael Shellenberger fez uma sequência de publicações no X com o título “Twitter Files Brasil”.

É um conjunto de e-mails de funcionários do antigo Twitter reclamando de decisões impostas por Moraes e pelo TSE e de investigações contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021 e 2022.

O jornalista, com base nas trocas de mensagens, aponta que Moraes “exigiu ilegalmente que o antigo Twitter revelasse detalhes pessoais sobre usuários que subiram hashtags que ele ‘não gostou’; exigiu acesso aos dados internos da rede social, em violação à política de privacidade da plataforma; censurou, unilateralmente, postagens de parlamentares brasileiros; e tentou transformar as políticas de moderação de conteúdo da rede social em uma arma contra apoiadores de Bolsonaro”.

Voltando à carga no domingo, 7, Musk dobrou a aposta e elevou a temperatura do confronto ao sugerir que Xandão deveria “renunciar ou sofrer um impeachment, por ter traído descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”, concluindo o texto com a frase “Vergonha, Alexandre, vergonha”.

O empresário ainda anunciou que publicará “em breve” na rede social tudo que é exigido por Moraes, destacando que essas solicitações “violam a lei brasileira”.

Reagindo às críticas, o ministro fez o que costuma fazer com quem o desagrada: mandou a Polícia Federal abrir uma investigação contra Musk.

Aconteça o que acontecer, essas revelações já prestaram um relevante serviço à nação: escancaram as iniciativas de Moraes e do TSE de violar o Marco Civil da internet e os direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros com o propósito de calar, perseguir e prender políticos, empresários e jornalistas de direita.

É um escandaloso abuso autoritário que só vem comprovar que o Brasil se tornou um estado de exceção comandado por juízes da suprema Corte que estão governando o país com as suas próprias leis.

Com a palavra o Congresso Nacional.

Categorias: OPINIÃO

1 comentário

Marcio Gimenes Ruiz · 08/04/2024 às 21:06

Excelente artigo. Que seja só o início da queda desse advogado travestido de juiz.

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