Aonde isso vai parar?
Animados com a série de derrotas impostas pelo Supremo Tribunal Federal à Operação Lava Jato, vários delatores do escândalo do Petrolão cogitam pleitear a anulação das ações penais em que efetivaram seus acordos de colaboração premiada e pedir de volta o dinheiro das multas já pagas.
Expressando o legítimo sentimento de que são os únicos punidos de toda a história, eles dizem, arrependidos, que jamais teriam aberto o bico se soubessem que estariam cumprindo medidas restritivas, como uso de tornozeleira e recolhimento domiciliar, enquanto os delatados estão livres, leves e soltos.
Mas tem gente pensando em ir até mais longe.
Ora, se a egrégia suprema Corte tornou sem efeito as sentenças contra Lula e outros tantos condenados, muitos deles réus confessos, sob as fajutas alegações de conflito de competência jurisdicional ou quebra de imparcialidade, invalidando todas as provas e mandando os processos serem reiniciados da estaca zero, nada mais justo que os bilhões de reais roubados nos esquemas de corrupção da Petrobras e recuperados pela Lava Jato sejam devolvidos aos larápios.
Afinal de contas, pelo entendimento do STF, em que pese o maridão ter chegado em casa com a cueca borrada de marcas de batom, não existem evidências de que ele tenha traído a esposa.
De forma que, não tendo havido crime, quaisquer bens apreendidos em poder dos suspeitos de uma ladroagem devem ser-lhes restituídos, de preferência com juros e correção monetária.
Hipótese absurda, delirante e impensável? É bom não ter tanta certeza.
Com Gilmar Mendes, Lewandowski, Fachin e seus parceiros já se viu que nada é impossível.
A propósito, neste momento em que o mais alto escalão da justiça brasileira protege cada vez mais a impunidade dos poderosos, vem bem a calhar uma das melhores frases produzidas pelo humor sarcástico do imortal Stanislaw Ponte Preta: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos.”
2 comentários
Josiane Camargo · 03/05/2022 às 11:13
O absurdo que vivemos, chega a constranger a todos os cidadãos de bem que se sentem algemados em meio a tamanho descaramento do STF mostrando atidos os brasileiros que já estamos vivendo em um pré-comunismo.
Hari · 02/05/2022 às 18:29
Pelo STF, a esposa não tem competência para questionar o “batom na cueca”