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O tempo é o senhor da razão

Publicado por Caio Gottlieb em

Poucas coisas que rondam nossas vidas são mais perigosas do que as verdades absolutas. Frequentemente elas nos levam a tomar decisões que resultam em graves e irreparáveis erros.

Um dos mais trágicos equívocos deste século ocasionado pela adesão a uma crença limitante que não permitia qualquer contestação foi, ao que parece, a adoção da política do “lockdown” para combater a pandemia.

Assim que “descobriu-se” que ele seria a arma mais eficiente para enfrentar a disseminação da enfermidade, foram refutadas com veemência todas as tentativas de se mostrar, com argumentos lógicos, que o fechamento maciço do comércio e das atividades sociais não estancaria a propagação da Covid.

Como assinalou o jornalista José Roberto Guzzo, em recente e lúcida análise sobre a realidade paralela que pairou sobre o Brasil e o mundo nestes últimos dois anos, “a paralisia total revelou-se o que realmente foi: uma reação de pânico e de ignorância das autoridades públicas, turbinada, também desde o começo, por uma vasta lavagem cerebral de ordem ideológica.”

Ora, indaga ele, fazendo coro a milhões de terráqueos que fazem a mesma pergunta, se o “lockdown” funcionasse, por que o vírus seguiu espalhando-se livremente, apesar de todas as medidas de repressão ao convívio humano? Por que as pessoas que obedeciam ao “fique em casa” continuaram a pegar a doença?

As respostas a esses e outros questionamentos podem estar próximas.

Um estudo de economistas-pesquisadores da Universidade de Chicago publicado pelo National Bureau of Economic Research do governo federal dos Estados Unidos, e citado pelo Wall Street Journal, é o mais recente demonstrativo concreto, com base em números, do desastre universal que foi o “lockdown”.

Reproduzo abaixo algumas das principais conclusões do trabalho:

Tomando como base três critérios – mortes, educação e economia – e computando as cifras de todos os estados americanos, a pesquisa comprova que o fechamento teve efeito próximo ao zero na redução de mortes; ao mesmo tempo, foi devastador nas escolas e na performance econômica.

A pesquisa demonstra que a Flórida, estado que aplicou um mínimo de restrições durante a pandemia – seu governador, Ron de Santis, foi chamado pela mídia, o tempo todo, de “Governador Sentença de Morte” –, teve o mesmo número de mortes, proporcionalmente, que a Califórnia, onde o governo aplicou as medidas de repressão mais agressivas de todo o país.

Mas, entre os 50 estados, a Flórida ficou em terceiro lugar na relação dos que menos perderam em educação; a Califórnia ficou em último.

Dos mesmos 50, a Califórnia ficou no 47º lugar entre os que tiveram o pior desempenho econômico; a Flórida ficou entre os melhores, no 13º lugar.

Resumo da ópera: a Flórida registrou um número de mortos equivalente ao da média nacional, mas protegeu muito melhor os seus cidadãos das devastações que a Covid provocou na economia e no desempenho escolar das suas crianças e jovens.

O estudo mostra outras realidades reveladoras.

O Havaí, que adotou medidas extremas de “lockdown” – chegou a proibir, pura e simplesmente, o desembarque de qualquer pessoa em seu território –, ficou em primeiro lugar em número de mortos, entre os 50 estados. Na economia foi o pior de todos, com o 50º lugar, e na educação levou o 46º.

Em Nova York, o ex-governador Andrew Cuomo, que renunciou ao cargo em meio a um escândalo, foi um campeão do “fique em casa”. Seu estado teve o 48º lugar entre os 50 em termos de desempenho econômico.

São números, meticulosamente apurados, checados e confirmados com base em ciência de verdade e não em achismos. E números costumam não mentir.

Por tudo isso, quando alguém chegar pra você dizendo que tem certezas inabaláveis a respeito de qualquer tema, fique com um pé atrás e lembre-se do filósofo grego Sócrates que humildemente confessou: só sei que nada sei.

E se vacine, por fim, com a célebre citação de Friedrich Nietzsche: “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.”

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1 comentário

Ayrton Giovannini · 24/04/2022 às 13:18

Bom esclarecimento. Sem contar o prejuizo futuro com respeito a educação Que pelo mdnos sirba de lição e reabilitação dos que eram contra o lockdown

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