Saco sem fundo
Felizes como os ganhadores da Mega-Sena da Virada, que teve duas apostas premiadas para dividir a bagatela de 370 milhões de reais, estão os partidos políticos ávidos por enfiar a mão no fundão eleitoral tomado dos nossos impostos para pagar as despesas de seus candidatos na campanha de 2022.
Pelas regras de rateio dos recursos, que são distribuídos proporcionalmente ao tamanho das representações na Câmara dos Deputados eleitas em 2018 e aplicados muitas vezes de forma nebulosa, sem uma prestação de contas clara e transparente, as dez siglas que ficarão com a maior parte do bolão de R$ 4,9 bilhões, mais do que o dobro do valor gasto há quatro anos, são as seguintes:
PSL 604,1 milhões
PT 594,4 milhões
MDB 417 milhões
PP 399,2 milhões
PSD 397,7 milhões
PSDB 378,9 milhões
DEM 341,8 milhões
PL 340,9 milhões
PSB 323,6 milhões
PDT 299,4 milhões
Como se não bastasse, ainda tem o fundo partidário, estimado para este ano em cerca de 1 bilhão de reais, a ser compartilhado pelos mesmos critérios e reservado para prover a manutenção das agremiações, e mais a propaganda política, que volta à cena recriada pelo Congresso para ocupar um espaço comercial que vale até R$ 2,8 bilhões por semestre na programação das cinco maiores emissoras de TV, que não terão nenhuma compensação fiscal para cobrir a perda de receita.
Não é o caso de desaprovar a destinação de verbas públicas para custear as campanhas eleitorais, medida que tornou-se necessária a partir da decisão do STF de proibir as doações de empresas para reduzir a influência do poder econômico no resultado do pleito.
O que se questiona é o tamanho do dinheiro extraído do orçamento da União para ser empregado nessa finalidade, principalmente em uma era de amplo predomínio dos meios digitais, que possibilitam fazer campanhas infinitamente mais baratas.
É verdade que a democracia, em qualquer lugar do mundo, custa caro.
Mas no Brasil, além de proteger a impunidade dos corruptos de alto coturno, ela virou um promíscuo cheque especial sem limites.
3 comentários
Marcos Villanova de Castro · 07/01/2022 às 11:51
Eu penso diferente. Concordo que é uma utopia, mas idealmente os partidos políticos tinham que se auto financiar. Seus filiados e militantes é que deveriam providenciar as formas de bancar as despesas das campanhas, assim como é feito nos EUA. Não vejo nenhum sentido em usar (muito) dinheiro público para financiar os interesses privados (e muitas vezes escusos) dos partidos brasileiros.
Elias Zydek · 06/01/2022 às 22:30
Seria importante complementar a matéria divulgando os nomes dos deputados da nossa região que votaram a favor do aumento da VERBA!
Nilso Rafagnin · 07/01/2022 às 12:40
Concordo que se deva informar o nome dos que no Estado do Paraná especialmente os de nossa Região Oeste e Sudoeste do Paraná que votaram contra e a favor desse projeto. Especialmente as lideranças, especificando o domicilio eleitoral e o Partido.