O futuro será o passado
Quando deu meia-noite de sexta para sábado, horário que marcou o encerramento dos atuais contratos das concessionárias das rodovias federais no Paraná, foi uma festa.
As redes sociais estão repletas de vídeos que registram carros e caminhões promovendo buzinaços ao passarem sem pagar pelas praças de pedágio com as cancelas levantadas.
Parecia comemoração de virada de ano.
Não demorou muito, porém, para a ressaca chegar, com as primeiras notícias de acidentes que ficaram sem assistência rápida e interromperam o tráfego por longas horas.
Demonizaram o pedágio até não mais poder, mas era dele que provinham a conservação das rodovias em ótimo estado e o custeio dos serviços de guincho, socorro mecânico e, principalmente, atendimento médico de emergência.
O assunto foi tão politizado que mesmo a boa ideia de se implantar uma tarifa de manutenção de 2 ou 3 reais até a entrada em cena das novas operadoras teve poucos e acanhados defensores.
Não há como negar que houve irregularidades na execução dos contratos. Elas devem ser corrigidas e podem ser evitadas. Mas isso não invalida os benefícios do sistema, solução cada vez mais adotada em todo o mundo para desenvolver e modernizar a infraestrutura de transportes dos países diante da escassez dos recursos financeiros governamentais.
Estamos, pois, voltando para a triste realidade de 24 anos atrás, quando, por desídia de sucessivas administrações federais e estaduais, as estradas encontravam-se em petição de miséria.
Se você é jovem e não sabe como era aquilo, converse com os mais velhos.
As lembranças daquela época não são das melhores.
Vamos, enfim, andar para trás.
Doravante, quem tiver veículo danificado na estrada terá que buscar remoção por conta própria.
Pessoas feridas em acidentes vão ter que esperar por ambulâncias do Samu, rezando para que tenha alguma disponível em cidades próximas.
E não adianta reclamar falando que todas essas coisas têm que ser resolvidas com o dinheiro dos impostos que todos pagamos. A verdade é que as ínfimas verbas públicas destinadas ao setor mal dão para tapar buracos e pintar faixas no asfalto.
O panorama que se avizinha é tenebroso, e tende a piorar quando as rodovias começarem a se desmanchar e a manutenção demorar pra ser feita, acabando, na maioria das vezes, por nem acontecer.
Muita gente que hoje comemora o fim temporário do pedágio estará, em breve, fazendo inflamados discursos para exigir que os leilões das novas concessões, postergados para daqui a, no mínimo, um ano, sejam realizados o quanto antes.
Nada como um dia depois do outro.
C’est la vie.
11 comentários
Leonardo · 01/12/2021 às 19:41
Caio, parabéns pela matéria, agora que acabou a concessão, caso haja uma colisão ou pane de qualquer tipo, será que o governador vai disponibilizar um número de telefone (do governador) para o ilustre vir socorrer o usuário onde quer que esteja .
Ou será que o ilustre só está querendo votos ano que vem.
Pode saber que vai dar muita confusão nesta Br 277 por falta de atendimento.
Pode saber que destes muitos funcionários que foram desligados/demitidos, irão lembrar desse governador no ano que vêm, que é ano de eleição e ele vai vir com a maior cara de pau pedir nosso voto.
Caio, continue mostrando para os demais o que acontece na rodovia, e se houver algum tipo de retaliação contra vc, publique tambem.
Abraço e parabéns….
MARCELO · 02/12/2021 às 12:30
Contrato chegou ao fim,, e por incompetência não foi renovado, nem feita uma nova licitação/concessão. Ou foi a turma do ministro Tarcísio, ou foram as ditas entidades representativas que barraram a nova licitação. Simples assim.
Pedro · 01/12/2021 às 07:36
Concordo com vc em partes .se a rodovia tivesse feito pelo menos algumas obras de melhorias pro trânsito fluir bem sim, mas nem um metro de terceira faixa fizeram. só as obras que itaipu e o governo fez. vc sabe que o frete encarecia de 35 a 40 por cento mais caro, ou seja, o pedágio cobrava mais que o consumo de óleo diesel. Concordo com o oedágio mas de manutenção em torno de 40 a 50 por cento do preço praticado. olhe a br 116. pedágio não chega a 50 por cento da nossa e tão fazendo obras de duplicação e terceiras faixa
Leonardo · 01/12/2021 às 19:45
Não fez nada de obras né Pedro, ou vc deve ser cego ou vc não trafega pela rodovia, ou trafega por alguma outra rodovia que não há obras.
E outra, vc deve ser um que vive reclamando quando fica parado em alguma barreira na rodovia quando se depara com alguma obra, daí fica xingando em vez que prestar atenção no que está acontecendo para vir aqui escrever uma asneira dessa.
Mas parabéns pelo seu comentário, respeito, mas não sou obrigado a aceitar.
Irialte B Fontoura · 30/11/2021 às 17:31
Perfeitas as considerações, além de tudo não devemos esquecer da centena de trabalhadores desempregados, será que devemos meamo comemorarmos a suspensão do pedágio?
Leonardo · 01/12/2021 às 19:46
Parabéns irialte, bem recordado
Roberto Antenor Morona · 03/12/2021 às 10:25
Oi bom dia ..sim falou tudo..se o preço do pedágio for um pouco mais barato..tenho certeza que nenhum brasileiro se nega a pagar..os serviços prestados são de grande ajuda..principalmente socorro médico..trabalhei..na rodovia..e vivenciei..tido ali..sem falar no dinheiro que as empresas do pedágio passam todo o ano do municípios ondem corram a BR 277 e esse dinheiro vai aonde..quem presta conta..já viu vereador e prefeito querendo tirar as empresas de pedágio…não né,..o Brasil tem que mudar em muita coisa .. transparência e que precisamos nesses contratos..pois sempre.rem alguém ganho própria..
Carlos R. Marassi · 30/11/2021 às 14:38
Parabéns Caio pela visão rara do que as concessões mudaram nossas vidas nos últimos anos.
Andar por nossas rodovias concedidas no Paraná era um privilégio de primeiro mundo.
O pedágio, infelizmente, para o bem, era tbm seletivo, pois retirava das rodovias veículos moribundos, sem manutenção, perigosos ao tráfego.
Agora tudo volta ao normal, como vc bem disse.
Teremos saudade, com certeza.
Mas assim é o brasileiro, que recebe educação gratuita, saúde gratuita, rodovias gratuitas.
E dizem que os governos nada fazem senão roubar.
Acusam os políticos, mas se esquecem que são eles que fiscalizam os orçamentos, as contas públicas, e orientam e disciplinam a atividade empresarial e pública no país.
Mal sabem que o IPVA é um imposto 50% do município, para financiar a sinalização e as estruturas do trânsito nas cidades. Paga quem tem carro.
Quem não tem não entra na despesa da sinalização.
A outra metade do IPVA o estado utiliza na sinalização e fiscalização de rodovias. Paga quem usa.
Tudo tem explicação. Menos para quem não quer enxergar.
Mais de 50% da tarifa do pedágio pagava socorro mecânico, guinchos, SAU, impostos municipais, custos das praças de pedágio, fiscalização do DER, do DNIT e a PRF.
As pracas de pedagio empregavam centenas de pessoas nas cabines, na operacao de guinchos, mexanicos, etc. e geravam receita para os municípios.
Parabrisas quebrados eram indenizados, veículos avariados eram socorridos.
Como diz vc.
Teremos saudade.
Luiz Alberto Cirico · 30/11/2021 às 11:50
Fica apenas confirmado que historicamente elegemos políticos de irrisória capacidade em trabalhar pela população, em contrapartida são eficientes em realizar conluios com as concessionárias para benefício próprio como comprovado pel Polícia Federal. Se tivéssemos governadores com gestão voltada para o benefício da população, já teriam realizado a nova concessão, mas pensando em benefícios eleitoreiros, nosso governador foi muito inteligente em deixar o período pré eleição sem a cobrança do pedagio. Mesmo que isto represente mortes dos eleitores neste período. O objetivo de todos os políticos brasileiros é sempre o mesmo, se manter no poder para continuar usufruindo das bebesses. Após a nova concessão, deveremos cobrar a redução do IPVA, um roubo aviltante aumentado no governo Rocha, mas se boa parte da malha viária do Paraná será entregue a nova concessão, porque continuarmos sendo extorquidos?
PAULO CARLESSO · 30/11/2021 às 11:37
Sem considerar ainda o aumento substancial de veículos que antes não ganhavam a estrada por conta do pedágio. Caminhões que o frete não compensava voltarão às estradas. Somado a isso temos ainda, um período de festas, férias, safra e carnaval. Tem tudo para acabar em uma quarta-feira de cinzas.
Edvino Borkenhagen · 30/11/2021 às 09:46
Muito consistente e pertinente a matéria!
Para criticar sempre haverá gente na fila, mas para apresentar soluções, até quem domina o assunto poderá se esquivar, pois poderia não ser simpático aos mais destemidos contendores.
Doravante não se verá, por exemplo, no período do transporte de soja, alguém da Rodovia (dos verdinhos) a varrer a pista, principalmente nas curvas, para tirar a soja perdida pelas frestas da carroceria de carretas, a fim de não deixar ocorrer acidente. Eu vi! Eu aplaudi!
A politização de um serviço deveria ser repensada!
O esclarecimento aos usuários deveria ter ocorrido através dos veículos de imprensa, para minimizar o desconforto, não para jogá-los contra as concessionárias.
A assistência em rodovias é tal qual a saúde: Só se dá valor quando se prescinde dela!