Exemplo, modelo e inspiração
Nada pode ser mais revelador sobre o caráter e as intenções de alguém do que o objeto de seus elogios.
Em nota postada em seu site, o Partido dos Trabalhadores saudou como “grande manifestação popular e democrática” a recondução de Daniel Ortega à presidência da Nicarágua.
Diz um trecho da mensagem: “Esperamos seguir com a Frente Sandinista de Libertação Nacional (partido socialista de Ortega) neste caminho de construção de uma América Latina e Caribe livres e soberanos, uma região de paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo”.
É o cinismo elevado ao seu grau extremo.
Decidido a não correr nenhum risco para manter-se no cargo que ocupa desde 2007, Ortega mandou prender ao longo dos últimos meses nada menos que sete candidatos opositores, acusados de “traição à pátria”, e permitiu que só permanecessem no simulacro de pleito eleitoral realizado no país uns poucos adversários de mentirinha, escolhidos a dedo, dóceis ao governo.
Escandalosamente fraudulentas, as eleições nicaraguenses foram amplamente condenadas pela comunidade internacional, inclusive por nações vizinhas, e o caudilho caribenho foi definitivamente alçado à categoria de ditador pelos Estados Unidos.
Ainda assim, o PT teve a desfaçatez de afirmar que a reeleição de Ortega, que tem como vice sua própria esposa, Rosario Murillo, lá chamada de ‘copresidenta’, “confirma o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”.
Implantar no Brasil uma “democracia” ao estilo da Nicarágua (sem esquecer que o regime venezuelano é também igualmente idolatrado pela turma) é o sonho de consumo do lulopetismo.
Aliás, já sabemos disso há muito tempo.