Com a alma lavada e enxaguada
Luzilândia, município do Piauí com 25 mil habitantes, recebeu nesta semana a ilustre visita do governador para uma inauguração histórica.
Expoente do PT nordestino, Wellington Dias foi lá apertar o botão (assista o vídeo no link abaixo) que colocou em funcionamento o primeiro semáforo da cidade.
Sim, um desses prosaicos faróis que ficam nos cruzamentos acendendo luzes vermelhas, amarelas e verdes para controlar o fluxo do trânsito.
E o mandatário estadual, que já foi chamado por Lula (que provavelmente tinha tomado umas e outras) de “gênio político”, fez questão de estar presente com toda a sua tropa, pois, pelo jeito, deve ser uma das realizações mais importantes de sua gestão.
O que se viu foi um evento à altura dos hilários roteiros escritos por Dias Gomes para a antológica novela O Bem-Amado, que se passava na fictícia Sucupira e contava as divertidas peripécias do folclórico e corrupto prefeito Odorico Paraguaçu, o inesquecível personagem vivido pelo ator Paulo Gracindo.
Com a sua peculiar verborragia, repleta de engraçados neologismos que acabaram sendo incorporados no linguajar cotidiano dos brasileiros, Odorico, deixando de lado os “entretantos” e partindo para os “finalmentes”, teria dito no discurso inaugural que “esta obra entrará para os anais e menstruais de Luzilândia e do país.”
Em suma, o festim do governador no município piauiense é a prova de que os feitos cômicos do prefeito de Sucupira nada mais eram do que a arte imitando a vida.
Se bem que acredito que nem mesmo Odorico toparia descer a níveis tão baixos do ridículo.
A bizarrice populista da política brasileira não tem limites.