O buraco é mais embaixo
Em seu discurso na ONU, ao discorrer sobre os pontos fortes do Brasil para dinamizar o crescimento do país e atrair investimentos estrangeiros, o presidente Jair Bolsonaro destacou a realização, em breve, do aguardado leilão para implementação da tecnologia 5G, pelo menos 20 vezes mais rápida e muito mais eficiente que os serviços de telefonia móvel e internet que atualmente dispomos.
O tópico passou ali meio despercebido, mas é um assunto crucial para o nosso futuro.
Estima-se que a 5G será capaz de promover o crescimento da economia brasileira em mais de 1 ponto do PIB ao acelerar as comunicações e permitir níveis de conectividade ilimitadas e sem precedentes, com impacto gigantesco na indústria, no comércio, no agro, no transporte, na saúde, no sistema financeiro e nos serviços públicos.
Trata-se, por isso mesmo, de um dos temas mais sensíveis da atualidade no âmbito da geopolítica mundial e alvo central de intensa disputa econômica, estratégica, diplomática e até ideológica envolvendo Estados Unidos, Europa e China.
O foco primordial do debate para a escolha dos fornecedores da revolucionária tecnologia de 5ª geração reside nos aspectos de privacidade, transparência, compliance, integridade das informações e, sobretudo, no grau de responsabilidade e confiabilidade por parte de quem provê a infraestrutura das redes, por onde trafegarão dados, documentos e transações bancárias.
Fora tudo isso, tem ainda a fundamental questão da segurança nacional.
Certamente esse item teve peso determinante na decisão que levou 26 países europeus, de um total de 27, a optarem por não usar o sistema chinês.
Cabe acrescer que entre as vinte maiores economias do mundo, a maioria esmagadora seguiu na mesma direção, assim como quase 100% dos países da Otan e mais de 90% das nações que integram a OCDE.
Dá o que pensar, não é?