Acabou a paciência
Era tarde da noite desta terça-feira (2) quando um grande empresário do ramo de transporte de cargas do Paraná me enviou fotos do bloqueio que dezenas de caminhoneiros, em protesto contra o último aumento do óleo diesel, começavam a fazer naquele instante na rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais, ensaiando a possível deflagração de uma nova greve nacional da classe.
Aproveitei para lhe perguntar qual seria a solução para o impasse e ele não escondeu seu pessimismo ao admitir não ver saída fácil e rápida para evitar a paralisação, que somada ao agravamento da pandemia poderá formar uma tempestade perfeita para aprofundar ainda mais a crise econômica.
Em sua avaliação, que é compartilhada por muitos especialistas da área, a política de preços adotada pela Petrobras, rigorosamente submetida às flutuações do dólar e das cotações internacionais do petróleo, beneficia unicamente os investidores do mercado financeiro, em detrimento dos interesses maiores do país.
“É preciso privatizar refinarias, manter a extração nas mãos do estado e fechar o capital da companhia”, enfatiza.
Alinhado à tese de que empresas estatais não podem ter capital aberto, ele defende a ideia de que preço de combustível em regime de monopólio deve ser política de governo e não se pautar pela distribuição de dividendos.
Tudo indica que vão caminhar nessa direção as mudanças que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer na Petrobras a partir da nomeação do general Silva e Luna para comandá-la.
Nesse cenário, é possível que os caminhoneiros fiquem só na ameaça e optem por dar mais um voto de confiança ao governo enquanto aguardam a fórmula mágica que propicie uma redução substancial do custo do diesel.
Mas a trégua está se esgotando.
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6 comentários
ANDREIA · 04/03/2021 às 11:11
E O VALOR DO IMPOSTO ESTADUAL AGREGADO AO VALOR DO COMBUSTÍVEL, COMO FICA???? SAO MAIS DE 50 %……. SERA QUE NOSSOS OUTROS GOVERNANTES NÃO TEM SUA PARCELA DE CULPA NESSES PREÇOS ABSURDOS?
Eduardo Zanforlin · 03/03/2021 às 18:33
Deixar apenas a extração nas mãos do governo e privatizar o refino manterá a política de preços atual, uma vez que, quem determinará o preço é quem entrega no mercado o produto final. Imaginar que o governo poderá determinar preços está longe da realidade, pois, quem investiria em uma empresa que não pode determinar o preço de seus produtos???
Francisco · 03/03/2021 às 17:46
Acredito que sejam turbulentas, a priori, essas medidas. Mas, se for para ela cumprir o fim social e estrategico a que foi criada, o povo vai entender e o mercado vai se ajustar, como sempre fez.
Francisco · 03/03/2021 às 17:41
O problema da Petrobras esta na oferta. Produz 2,9 mil barris ao dia, consumo de 3,10 mi e exporta 1,4 mil ao dia. Assim mesmo da lucros. Bem gerenciada dara mais ainda. E vamos parar de falar lixo isso, lixo aquilo. Ta chato ja isso. Vira o disco.
Jondir · 03/03/2021 às 15:33
É melhor privatizar essa estatal mequetrefe. Já deu o que tinha que dar. Não dá pra tratar a Lixobras como moeda de troca, ainda mais depois da falha catastrófica e da piada que foi o afamado “pré-sal”
Gustavo Biasoli Alves · 03/03/2021 às 14:55
Não é apenas a questão do diesel, mas de todos os combustíveis e sua cadeia. Manter a política de atrelamento imediato ao dólar nesta situação econômica mundial é temerário, mas nós aponta o seguinte: o monopólio sempre nos deixará reféns!