O dilema do lockdown
Nenhum político gosta de desagradar seus eleitores. É da natureza desse espécime humano só querer dar boas notícias, anunciar grandes realizações, buscar o aplauso, o reconhecimento, a admiração.
Assim como seus colegas, e também como milhares de prefeitos em todo o país, o governador Ratinho Junior, é óbvio, não impôs o lockdown no estado por achar divertido ver empresas quebrando e pessoas perdendo o emprego.
Nem mesmo adotou essa medida extrema e antipática na ilusão infantil de acabar com a pandemia.
Mais do que ninguém, ele sabe que tal milagre não é possível. Se fosse, as nações que fecharam tudo logo que surgiram os primeiros casos do novo coronavírus, um ano atrás, já estariam livres dele e não precisariam restringir novamente a mobilidade da população, como voltaram a fazer nas últimas semanas para enfrentar as mutações da doença, comprovadamente mais transmissíveis que a cepa original.
Ineficazes para resolver o problema, os lockdowns totais ou parciais só se justificam pelo objetivo de conter a velocidade de propagação da enfermidade para reduzir a avalanche de internamentos e impedir o colapso dos hospitais, preservando, sobretudo, a integridade física, emocional e psicológica dos profissionais da saúde que estão na linha de frente da guerra.
Foi essa a intenção do governador, em decisão tomada com a consciência de sua necessidade emergencial e do desgaste inevitável que ela está acarretando à sua popularidade.
O ponto crucial da história é que enquanto pelo menos 60% da população não adquirir a chamada “imunidade de rebanho”, a ser obtida de forma natural pelas defesas do próprio corpo ou através das vacinas, a Covid-19 seguirá nos assombrando pela alta capacidade de contágio que a transformou na maior crise sanitária do século.
De resto, é muito provável que, do mesmo modo como a gripe, ela jamais seja erradicada.
Possivelmente se tornará mais branda e menos letal, mas permanecerá por aí cumprindo o seu ciclo biológico e mostrando que o planeta Terra tem dono. E não é o homem.
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2 comentários
Oscar · 02/03/2021 às 13:14
O trabalhador não tem culpa do vírus, muito menos das UTIS lotadas que na verdade sempre foram assim. Decreto não é LEI. Lokdown não funciona. Bora nos manifestarmos contra essas idiotices de governos incompetentes que continuam recebendo seu salário maravilhosos enquanto a maioria da população trabalhadora chupa a orelha um do outro
Matheus Tonello · 01/03/2021 às 14:33
O lockdown também não diminui a velocidade de propagação da doença como o senhor afirmou no texto. Houve em Manaus, inclusive, aumento dos casos após o lockdown, pois essa doença se espalha melhor em ambientes de confinamento. Quanto mais confinadas as pessoas, maior a transmissão.
Esse achômetro referente ao lockdown que a imprensa e os governos difundem e não é científico.